Início Notícias Guedes: PEC Emergencial representa compromisso com saúde e economia

    Guedes: PEC Emergencial representa compromisso com saúde e economia

    0
    Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

    A proposta de emenda à Constituição (PEC) Emergencial representa um compromisso com a saúde e a economia, disse ontem (4) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em vídeo gravado ao lado do relator do texto, senador Márcio Bittar (MDB-AC), o ministro comemorou a aprovação do texto pelos senadores e agradeceu aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira.

    “A PEC é um compromisso com a saúde do povo brasileiro e com a responsabilidade fiscal também. Temos compromisso com a saúde e com a economia, [que o] presidente [Jair Bolsonaro] sempre disse que andam juntos. É um dia muito importante para o Brasil”, declarou o ministro.

    Segundo Guedes, Bittar defendeu o “compromisso duplo” com a saúde e a economia de forma corajosa. O ministro agradeceu a Lira pela postagem em rede social na qual negou articulações para a retirada de diversas despesas do teto de gastos.

    “Num determinado momento, com muita serenidade e lucidez, [Lira] disse: ‘vamos manter o teto de gastos’”, afirmou Guedes.

    Vacinação

    No fim do vídeo, o ministro disse que o Brasil precisa de saúde, de emprego e de renda, mas acrescentou que a saúde vem em primeiro lugar. “Sem saúde, não há economia”, declarou.

    Guedes defendeu a vacinação em massa, dizendo ser essa a principal solução para a economia. “A vacinação em massa é que vai nos permitir manter a economia em funcionamento. O governo enfrentará este desafio terrível que é a pandemia de covid-19 com a mesma coragem, determinação e cooperação de sempre”, concluiu.

    Entenda as mudanças da PEC Emergencial

    Aprovada pelo Senado e prestes a ir à Câmara dos Deputados, a proposta de emenda à Constituição emergencial (PEC Emergencial) prevê a recriação do auxílio emergencial em troca de medidas de ajustes fiscais. Em troca do aumento de gastos públicos, o governo terá de apertar os cintos. Em alguns casos, de forma permanente.

    O texto aprovado pelos senadores é resultado da fusão de três PECs enviadas pelo governo federal no fim de 2019: a proposta que reformula o Pacto Federativo, a PEC Emergencial original e a PEC que desvincula o dinheiro de fundos públicos. Por falta de consenso, alguns pontos mais polêmicos ficaram de fora, como a retirada dos pisos constitucionais para gastos em saúde e educação.

    O fim dos repasses de 28% da arrecadação do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também foi excluído do texto votado. A redução de até 25% dos salários dos servidores com redução proporcional de jornada, o pagamento de abono salarial abaixo do mínimo e a desvinculação de diversos benefícios da inflação, que chegaram a ser discutidos no Senado, não entraram na proposta final.

    Em troca das medidas de ajuste, o texto autoriza a destinação de R$ 44 bilhões para a recriação do auxílio emergencial, benefício social que atendeu às famílias mais afetadas pela pandemia de covid-19, com créditos extraordinários do Orçamento, que ficam fora do teto de gastos. Uma cláusula de calamidade pública incluída na PEC permitiu que os custos com o novo programa sejam excluídos da regra de ouro (espécie de teto de endividamento público para financiar gastos correntes) e da meta de déficit primário, que neste ano está fixada em R$ 247,1 bilhões.

    A concessão de uma nova rodada do auxílio emergencial depende de uma medida provisória com as novas regras do benefício. O valor de cada parcela não está definido.

    Entenda as principais mudanças instituídas pela PEC Emergencial:

    Auxílio emergencial
    • Crédito extraordinário de até R$ 44 bilhões fora do teto de gastos
    • Cláusula de calamidade que permite exclusão de despesas da meta de resultado primário e da regra de ouro. Dispositivo pode ser usado em outras crises

    Contrapartidas fiscais

    Gatillhos
    • Nível federal: todas as vezes em que as despesas obrigatórias sujeitas ao teto de gastos ultrapassarem 95% das despesas totais, ficarão proibidos para os Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e o Ministério Público:
    o aumento de salário para o funcionalismo
    o realização de concursos públicos
    o criação de cargos e despesas obrigatórias
    o concessão de benefícios e incentivos tributários
    o lançamento de linhas de financiamento
    o renegociação de dívidas

    • Nível estadual e municipal: regra dos 95% será facultativa, texto inclui gatilho adicional de medidas de contenção de gastos quando a relação entre as despesas correntes e receitas correntes alcançar 85%, com vigência imediata e dependente de atos do governador ou do prefeito

    Incentivos fiscais
    • Até seis meses após promulgação da emenda Constitucional, presidente da República deverá apresentar plano para zerar incentivos fiscais, como subsídios e benefícios tributários. Proposta só inclui apresentação do plano, sem estabelecer obrigação de que mudanças na legislação sejam aprovadas. Não poderão ser extintos:
    o Simples Nacional
    o Subsídios à Zona Franca de Manaus
    o Subsídios a produtos da cesta básica
    o Financiamento estudantil para ensino superior

    Fundos públicos e desvinculação de receitas
    • Desvinculação do dinheiro de fundos públicos: superávit financeiro dos fundos deverá amortizar dívida pública da União, dos estados e dos municípios. Após as amortizações, recursos poderão ser aplicados livremente, sem atender à finalidade original de cada fundo.
    • Exceções: alguns fundos federais poderão manter receitas orçamentárias reservadas para eles.
    o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP)
    o Fundo Penitenciário Nacional (Funpen)
    o Fundo Nacional Antidrogas (Funad)
    o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)
    o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé)
    o Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-Fim da Polícia Federal.
    • Receitas de interesse da defesa nacional e relacionadas à atuação das Forças Armadas também poderão ser desvinculadas

    Calamidade pública
    • Na vigência de calamidade pública, haverá um regime orçamentário excepcional, nos moldes do Orçamento de Guerra em vigor no ano passado. Com regras mais flexíveis, regime também dispensa o cumprimento da regra de ouro e das metas de resultado primário
    • Decretação do estado de calamidade pública será atribuição exclusiva do Congresso Nacional, que deverá aprovar proposta do Poder Executivo
    • Proposta do Executivo precisará provar urgência e necessidade dos gastos fora do regime fiscal regular
    • Gastos extras não podem resultar em despesa obrigatória permanente
    • Ficam autorizados no estado de calamidade pública:
    o contratação simplificada de pessoal, em caráter temporário e emergencial
    o contratação de obras, serviços e compras com dispensa de licitação
    o concessão ou ampliação de benefício tributário que gere renúncia de receita
    o contratação de operações de crédito sem limites ou condições
    o empresas em débito com a seguridade social poderão assinar contratos com o Poder Público
    • Superávit financeiro (excedente obtido com a emissão de títulos públicos ou com financiamentos bancários) apurado em 31 de dezembro do ano anterior poderá cobrir gastos com o combate à calamidade pública e o pagamento da dívida pública.
    • Lei complementar poderá definir outras medidas de exceção fiscal durante a vigência da calamidade pública

    Inativos e pensionistas
    • Gastos com inativos e pensionistas serão incluídos no teto de gastos dos Legislativos municipais. Hoje, o teto só inclui salários dos vereadores. Despesa não pode ultrapassar a soma da receita tributária, do Fundo de Participação dos Municípios e das demais transferências constitucionais
    • Gastos com pensionistas não poderão ultrapassar limites estabelecidos em lei complementar. Atualmente, a Constituição estabelece teto apenas para despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, sem citar os pensionistas

    Políticas públicas
    • Determinação de que que órgãos e entidades façam, individual ou conjuntamente, uma avaliação das políticas públicas e divulguem os resultados
    • Plano Plurinual, LDO e Lei Orçamentária Anual deverão observar os resultados do monitoramento e da avaliação das políticas públicas

    Repasses duodecimais
    • Proibição da transferência para fundos públicos de sobras de repasses aos Poderes Legislativo, Judiciário, ao Ministério Público e à Defensoria Pública. Dinheiro deverá ser restituído aos Tesouros locais ou ser descontado dos próximos repasses

    Dívida pública
    • Previsão de lei complementar para regulamentar a sustentabilidade da dívida pública
    • Todos os níveis de governo (federal, estadual, municipal e Distrito Federal) deverão manter a dívida pública em níveis sustentáveis, em parâmetros a serem estabelecidos pela lei complementar
    • Essa lei poderá autorizar ações de ajuste fiscal em caso de crise nas contas públicas
    • Lei que define parâmetros para o Orçamento do ano seguinte, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deverá estabelecer diretrizes e metas de política fiscal compatíveis com a sustentabilidade da dívida pública

    Precatórios
    • Aumenta em cinco anos, de 2024 para 2029, prazo para que estados e municípios paguem seus precatórios, dívidas determinadas por sentenças judiciais definitivas (sem a possibilidade de recursos).

    Agência Brasil

    Sair da versão mobile