Blaise Pascal (Clermont-Ferrand, 19 de junho de 1623 – Paris, 19 de agosto de 1662) foi um matemático, escritor, físico, inventor, filósofo e teólogo católico francês. Prodígio, Pascal foi educado por seu pai. Os primeiros trabalhos de Pascal dizem respeito às ciências naturais e ciências aplicadas. Contribuiu significativamente para o estudo dos fluidos. Ele esclareceu os conceitos de pressão atmosférica e vácuo, estendendo o trabalho de Evangelista Torricelli. Pascal escreveu textos importantes sobre o método científico.
Em “O Homem Perante a Natureza” Pascal analisa as relações do homem com o seu exterior. O início do argumento fala sobre o princípio básico de qualquer análise sobre o ser: o corpo, enquanto matéria. Mas o que seria essa matéria, e como contextualizá-la em planos mais complexos? Pascal diz que devemos considerar “esta brilhante luz colocada acima dele como uma lâmpada eterna para iluminar o universo, e que a Terra lhe apareça como um ponto na órbita ampla deste astro e maravilhe-se de ver que essa amplitude não passa de um ponto insignificante na rota dos outros astros que se espalham pelo firmamento. E se nossa vista aí se detém, que nossa imaginação não pare; mais rapidamente se cansará ela de conceber, que a natureza de revelar. Todo esse mundo visível é apenas um traço perceptível na amplidão da natureza, que nem sequer nos é dado a conhecer de um modo vago. Por mais que ampliemos as nossas concepções e as projetemos além de espaços imagináveis, concebemos tão somente átomos em comparação com a realidade das coisas.”
O homem, então, deve considerar o que ele é diante de tudo que existe. Ou seja, Pascal antecipou por séculos o argumento ético desenvolvido depois por expoentes do pensamento científico com um viés humanista, como Carl Sagan. O que é o homem diante do infinito?
A condição humana é colocada em dicotomia: ele tanto pode ser como não ser. Aproxima-se, nesse sentido, ao que séculos mais tarde G.K. Chesterton chamou de característica do cristianismo: Abraçar paradoxos. Dessa forma, Pascal complementa seu início de argumentação “ao estilo Sagan” a um modo chestertoniano: Se o homem é nada em relação ao infinito, é tudo em relação ao nada. O homem é este ponto intermediário entre o tudo e o nada e lhe é impossível ao homem conhecer a verdade, pois esta exige o conhecimento dos dois extremos.