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Exportações de milho em Mato Grosso aumentam 61%, impulsionadas pela China

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Foto: Daniela Paola Alchapar/Unsplash

O Mato Grosso tem impulsionado suas exportações de milho no primeiro bimestre deste ano. Com um aumento de 61,06% em relação ao mesmo período do ano passado, o estado embarcou 3,78 milhões de toneladas do cereal. Esse crescimento é resultado da demanda global por alimentos e da falta de oferta de grandes players do mercado, como a China, que representou 27,91% do milho exportado.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), no seu boletim semanal do milho desta segunda-feira (13), o volume de milho embarcado por Mato Grosso representa 44,7% do total de 8,45 milhões de toneladas enviados pelo Brasil para o mercado externo.

China lidera embarques de milho

A China foi o principal destino do milho mato-grossense no primeiro bimestre deste ano, representando 27,91% das exportações. Em relação aos demais países, o Imea destaca que “apesar de ter iniciado recentemente as compras do milho mato-grossense, o país asiático foi responsável por 1,05 milhão de toneladas do total escoado de MT”.

Perspectivas para o mercado de milho

O Imea acredita que a demanda pelo milho deve continuar em alta, devido a fatores como a incerteza quanto à extensão do acordo entre a Rússia e a Ucrânia para a retomada das exportações de grãos ucranianos, a quebra de safra na Argentina, a redução nas perspectivas de escoamento dos Estados Unidos e a demanda crescente dos principais países importadores de milho.

O Brasil é um dos maiores produtores de milho do mundo, ocupando atualmente a terceira posição, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. O país tem grande importância no mercado global de milho, sendo um dos principais exportadores desse cereal. Além disso, a produção de milho é de extrema importância para a economia brasileira, contribuindo significativamente para o PIB agrícola e para a geração de empregos no setor.

IoP

Em uma economia de livre mercado, nenhum lucro é “excessivo” – por definição

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Foto: Ryunosuke Kikuno/Unsplash

Durante a maior parte da história humana, os indivíduos tinham muito pouco controle sobre sua própria riqueza. Tribos violentas e beligerantes rotineiramente saqueavam vilarejos, e reis e imperadores poderosos podiam confiscar a propriedade das pessoas de acordo apenas com seus caprichos.

Se você trabalhasse duro e conseguisse acumular alguma riqueza, não havia nenhuma garantia de que você poderia manter essa riqueza para si. Consequentemente, a maioria das pessoas se contentava em viver de maneira extremamente discreta e levando uma vida de grandes privações, tudo para não atrair muita atenção.

Mas algo de importante aconteceu no século XVII: os direitos de propriedade começaram a ser reconhecidos e estabelecidos. Em seu livro Dois Tratados sobre o Governo (1689), John Locke escreveu:

“Cada homem tem uma propriedade em sua própria pessoa; a essa propriedade ninguém mais tem direito nenhum senão ele. Podemos dizer que o trabalho de seu corpo e de suas mãos é devidamente dele.”

Isso deu início a uma grande alteração na sociedade, permitindo às pessoas manterem a renda do seu trabalho. Também significou que sua posição na sociedade (classe, casta etc.) não mais era determinada em seu nascimento. Com muito trabalho e visão de mundo, você poderia crescer e enriquecer, permitindo um padrão de vida melhor para si próprio e para seus filhos.  

Com a ascensão social se tornando possível, a mentalidade empreendedora dos indivíduos foi estimulada. As pessoas passaram a criar novos produtos e serviços para ofertar aos consumidores em troca do lucro. Ao fazerem isso, desejavam enriquecer. A consequência dessa busca pelo lucro — lucro esse possibilitado pela satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores — foi o surgimento de várias inovações, as quais melhoraram substantivamente a vida de todos, ricos e pobres.

Em algumas culturas, tornou-se até mesmo mais favorável ser visto como um indivíduo que venceu pelo esforço próprio do que alguém que já nasceu em berço de ouro — um fragoroso contraste em relação à era dos reis e imperadores.

Muito já foi escrito sobre as causas da Revolução Industrial. Mas é certo que uma condição necessária, embora não suficiente, foi o fato de que as pessoas que fizeram fortunas passaram a poder usufruí-las em paz.

Permitir que as pessoas controlassem a própria riqueza não apenas acelerou as inovações, como também atraiu os melhores e mais brilhantes indivíduos para determinados países.

No livre mercado, a propriedade privada dos fatores de produção já é uma função social

É costume ver as inovações radicais que o capitalismo produziu ao substituir os mais primitivos e menos eficientes métodos dos artesãos pelas fábricas mecanizadas. No entanto, esta é uma visão bastante superficial. A feição característica do capitalismo que o distinguiu dos métodos pré-capitalistas de produção era o seu novo princípio de distribuição e comercialização de mercadorias.

Surgiram as fábricas e começou-se a produzir bens baratos para a multidão.  Todas as fábricas primitivas foram concebidas para servir às massas, a mesma camada social que trabalhava nas fábricas. 

Os empregados são eles próprios os consumidores da maior parte de todos os bens produzidos em uma economia. Eles são os consumidores soberanos que “sempre têm razão”. Sua decisão de consumir ou de se abster de consumir determina o que deve ser produzido, em qual quantidade, e com que qualidade. Ao consumirem aquilo que mais lhe convém, eles determinam quais empresas obtêm lucros e quais sofrem prejuízos. 

Aquelas que lucram expandem suas atividades e aquelas que sofrem prejuízos contraem suas atividades.

Desta forma, as massas, na condição de consumidores no mercado, estão continuamente retirando o controle dos fatores de produção das mãos dos empreendedores menos capazes e transferindo-o para as mãos daqueles empreendedores que são mais bem sucedidos em satisfazer seus desejos.

Sob o capitalismo, a propriedade privada dos fatores de produção por si só representa uma função social. Os empreendedores, os capitalistas e os proprietários de terras são os mandatários, por assim dizer, dos consumidores, e seus mandatos são plenamente revogáveis. Em um mercado livre e desimpedido, no qual não há regulamentações, subsídios ou protecionismos estatais, para um indivíduo ser rico, não basta ele ter poupado e acumulado capital. É necessário que ele invista, contínua e repetidamente, naquelas linhas de produção que melhor atendam aos desejos dos consumidores. 

O processo de mercado torna-se um plebiscito que é repetido diariamente, e que inevitavelmente expulsa da categoria dos eficazes e rentáveis aquelas pessoas que não empregam sua propriedade de acordo com as ordens dadas pelo público.  Consequentemente, em um mercado livre de protecionismos e privilégios concedidos pelo governo, as grandes empresas — sempre o alvo do ódio fanático de todos os governantes e de pretensos intelectuais — adquirem e mantêm seu tamanho unicamente pelo fato de elas atenderem aos desejos das massas.

As indústrias voltadas para satisfazer os luxos de poucos jamais adquirem um tamanho significativo.

Como ocorrem os lucros e os prejuízos

Em um sistema capitalista de organização econômica, os empreendedores determinam como serão os processos de produção. Porém, nesta tarefa, caso haja livre concorrência e uma genuína liberdade de entrada no mercado, eles sempre estarão total e incondicionalmente sujeitos à soberania do público consumidor

Aqueles empreendedores que se mostrarem incapazes de produzir — da melhor e mais barata maneira possível — os bens e serviços que os consumidores estão demandando com mais urgência, sofrerão prejuízos e serão, em última instância, eliminados de sua posição empreendedorial. Outros empreendedores que tenham maior capacidade administrativa e que saibam melhor como servir aos consumidores substituirão estes que falharam.

O que possibilita o surgimento do lucro é a ação empreendedorial em um ambiente de incerteza. Um empreendedor, por natureza, tem de estar sempre estimando quais serão os preços futuros dos bens e serviços por ele produzidos. Ao estimar os preços futuros, ele irá analisar os preços atuais dos fatores de produção necessários para produzir estes bens e serviços futuros. Caso ele avalie que os preços dos fatores de produção estão baixos em relação aos possíveis preços futuros de seus bens e serviços produzidos, ele irá adquirir estes fatores de produção. Caso sua estimação se revele correta, ele auferirá lucros.

Portanto, o que permite o surgimento do lucro é o fato de que aquele empreendedor que estima quais serão os preços futuros de alguns bens e serviços de maneira mais acurada que seus concorrentes irá comprar fatores de produção a preços que, do ponto de vista do estado futuro do mercado, estão hoje muito baixos. Consequentemente, os custos totais de produção — incluindo os juros pagos sobre o capital investido — serão menores que a receita total que o empreendedor irá receber pelo seu produto final. 

Esta diferença é o lucro empreendedorial.

Por outro lado, o empreendedor que estimar erroneamente os preços futuros dos bens e serviços irá comprar fatores de produção a preços que, do ponto de vista do estado futuro do mercado, estão hoje muito altos.  Seu custo total de produção excederá a receita total que ele irá receber pelo seu produto final.  Esta diferença é o prejuízo empreendedorial.

Assim, lucros e prejuízos são gerados pelo sucesso ou pelo fracasso de se ajustar as atividades produtivas de acordo com as mais urgentes demandas dos consumidores.  Tão logo este ajuste correto seja alcançado, lucros e prejuízos desaparecem. Os preços dos fatores de produção chegam a um nível em que os custos totais de produção coincidem com o preço do produto final. 

Lucros e prejuízos são fenômenos que só existem constantemente porque a economia está sempre em contínua mudança, o que faz com que recorrentemente surjam novas discrepâncias entre os preços dos fatores de produção e os preços dos bens e produtos por eles produzidos, e consequentemente haja a necessidade de novos ajustes.

Não há isso de “lucros excessivos”

Lucros nunca são um fenômeno normal e corriqueiro. Eles surgem onde há uma discrepância entre o uso atual dos fatores de produção e o uso possível destes fatores de modo a fazer com que o material e os recursos mentais disponíveis satisfaçam da melhor maneira possível os desejos do público. 

Lucros são a recompensa para aqueles empreendedores que descobrem esta discrepância; e eles desaparecem tão logo a discrepância seja totalmente removida. 

Quanto maior forem as discrepâncias antecedentes, maiores serão os lucros auferidos pela sua remoção. As discrepâncias podem muitas vezes ser consideradas excessivas.  Mas é inapropriado aplicar o epíteto “excessivo” aos lucros.

As pessoas dizem que há ‘lucros excessivos’ quando analisam os lucros auferidos pelo capital empregado no empreendimento, e mensuram o lucro como porcentagem deste capital. Porém, o que cria lucros e prejuízos não é o capital empregado. Ao contrário do que pensava Marx, o capital não “gera lucro”. Bens de capital são objetos sem vida que, por si sós, não realizam nada. Se eles forem utilizados de acordo com uma boa ideia, haverá lucros. Se eles forem utilizados de acordo com uma ideia equivocada, haverá prejuízos ou, na melhor das hipóteses, não haverá lucros. 

É a decisão empreendedorial o que cria tanto lucros quanto prejuízos. É dos atos mentais, da mente do empreendedor, que os lucros se originam, essencialmente. O lucro é um produto da mente, do sucesso de se saber antecipar o estado futuro do mercado. É um fenômeno espiritual e intelectual.

Condenar qualquer lucro como sendo ‘excessivo’ pode levar a situações tão absurdas quanto aplaudir uma empresa que, outrora muito lucrativa, passou a desperdiçar capital e a produzir ineficientemente a custos mais altos. Esta redução na eficiência e, consequentemente, nos lucros logrou apenas fazer com que os cidadãos fossem privados de todas as vantagens que poderiam usufruir caso os bens de capital desperdiçados por esta empresa fossem disponibilizados para a produção de outros produtos.

Ao repreender alguns lucros como sendo ‘excessivos’ e consequentemente penalizar empreendedores eficientes com uma elevação de impostos para “compensar” os altos lucros, a sociedade está prejudicando a si própria. Tributar lucros é o equivalente a tributar quem se mostrou bem-sucedido em servir ao público

O único objetivo de toda e qualquer atividade produtiva é empregar o menor número possível de fatores de produção de tal modo que eles produzam a maior quantidade possível de bens. Quanto menor a quantidade de insumos necessária para a produção de um bem, maior será a quantidade de fatores de produção — escassos por natureza — disponível para ser empregada na manufatura de outros bens. No entanto, e ironicamente, quanto mais um empreendedor se mostra bem-sucedido nesta difícil tarefa, mais ele é difamado e mais a sociedade exige que ele seja tributado mais rigorosamente. 

Aumentar os custos por unidade produzida — ou seja, aumentar o desperdício — passou a ser exaltado como uma virtude.

A mais espantosa manifestação desta total incapacidade de compreender o objetivo da produção e a natureza e a função dos lucros e prejuízos pode ser vista na popular superstição de que o lucro é apenas um valor adicionado aos custos de produção (fenômeno conhecido como markup), com seu valor dependendo exclusivamente do arbítrio do vendedor.  É exatamente esta crença que está por trás de todos os programas estatais de controle de preços ou de especificação de margens de lucros.

Todas as pessoas, empreendedoras e não-empreendedoras, olham com desconfiança para qualquer lucro auferido por terceiros. A inveja é um defeito e uma fraqueza comum aos homens. As pessoas são avessas a aceitar o fato de que elas próprias poderiam ter auferido estes lucros caso houvessem demonstrado a mesma iniciativa, a mesma presciência e o mesmo julgamento dos empreendedores bem-sucedidos. Seu ressentimento é tanto mais violento quanto mais elas estão subconscientemente cientes deste fato.

Não existiriam lucros se não houvesse um ímpeto do público em adquirir os bens e serviços oferecidos pelo empreendedor bem-sucedido. Porém, as mesmas pessoas que se esforçam para adquirir estes bens e serviços são aquelas que vilipendiam os empreendedores e dizem que seus lucros são abusivos e imerecidos.

A opinião pública tolera os lucros apenas se eles não excederem o salário pago a um empregado. Todo o excedente é caluniado como sendo injusto. O objetivo da tributação é, de acordo com o princípio de ‘tributar quem ganha mais’, exatamente o de confiscar este excedente. Não levam em conta que, sem lucros, não há investimentos futuros, não há expansão dos negócios e não há contração de mais mão-de-obra, o que levará a uma escassez de bens e serviços e, no final, a uma redução do padrão de vida de todos.

Uma das principais funções dos lucros é direcionar o controle do capital para aqueles que sabem como empregá-lo da melhor maneira possível para satisfazer o público.  Empreendedores que sofrem seguidos prejuízos vão à falência e, consequentemente, liberam capital e recursos para serem utilizados por empreendedores mais bem sucedidos. Já empreendedores que obtêm seguidos lucros se tornam mais capazes de obter capital e recursos de empreendedores menos eficientes, que estão desperdiçando estes recursos escassos.

Lucros e prejuízos são os instrumentos por meio dos quais os consumidores passam o controle das atividades produtivas para as mãos daqueles mais capacitados para servi-los. Qualquer medida que seja tomada para se restringir ou confiscar os lucros irá debilitar esta função de mercado que eles exercem. 

A máquina econômica se tornará, do ponto de vista do público consumidor, menos eficiente e menos ágil em suas respostas.

O invejoso homem mediano imagina que os lucros dos empreendedores são totalmente gastos em consumo próprio, de maneira hedonista. Uma parte, de fato, é consumida. Porém, só irão alcançar riqueza e influência no âmbito dos negócios aqueles empreendedores que consumirem apenas uma fração de suas receitas e reinvestirem a grande fatia restante em suas empresas.  O que faz com que pequenas empresas se tornem grandes não é o seu gasto, mas sim sua poupança e sua acumulação de capital.

Conclusão

Em um cenário de livre concorrência, a riqueza de empreendedores bem-sucedidos significa que os consumidores estão mais bem servidos do que estariam na ausência dos esforços empreendedoriais destas pessoas. O padrão de vida do cidadão comum é maior justamente naqueles países que possuem o maior número de empreendedores ricos. 

Países que possuem poucos empreendedores ricos possuem um maior número de miseráveis. É do total interesse material de todas as pessoas que o controle dos meios de produção esteja concentrado nas mãos daqueles indivíduos que sabem como utilizá-los da maneira mais eficiente possível.

Se a atual política de perseguir e confiscar a riqueza dos milionários houvesse sido implementada no início do século XX, tanto o crescimento das indústrias quanto a produção de bens de consumo de todos os tipos não teria ocorrido. Automóveis, aviões, geladeiras, telefones, rádios, televisores, aparelhos elétricos e eletrônicos, eletrodomésticos e centenas de outras inovações menos espetaculares mas ainda mais úteis não teriam se tornado corriqueiros no mundo atual.

O assalariado médio, o operário comum, acredita que para manter funcionando a atual estrutura de produção, para aprimorar e aumentar a produção, não é necessário mais do que a comparativamente simples rotina de trabalho atribuída a ele. Ele não percebe que o mero trabalho exaustivo e rotineiro não é o suficiente. Sua diligência e habilidade seriam qualidades totalmente vãs caso não houvesse um empreendedor presciente para direcioná-las para o seu mais importante objetivo e caso não houvesse capital acumulado pelos capitalistas para auxiliar nesta tarefa.

A pior ameaça para a prosperidade, para a civilização e para o bem-estar material dos assalariados é justamente a incapacidade de líderes sindicais, de sindicalistas em geral e das camadas menos inteligentes dos próprios trabalhadores de entender e apreciar o papel dos empreendedores e capitalistas na produção.


Ludwig von Mises foi o reconhecido líder da Escola Austríaca, um prodigioso originador na teoria econômica e um autor prolífico. Os escritos e palestras de Mises abarcavam teoria econômica, história, epistemologia, governo e filosofia política.

Fontes: Mises Brasil

PIB brasileiro cresce 2,9%, em 2022, impulsionado pelos setores de serviços e indústria

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Foto: Ian Talmacs/Unsplash

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresentou crescimento de 2,9%, atingindo o valor de R$ 9,9 trilhões, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O PIB per capita também apresentou avanço, alcançando R$ 46.155 em 2022, um aumento real de 2,2% em relação ao ano anterior.

A alta do PIB no ano passado foi impulsionada principalmente pelos setores de serviços e indústria, que juntos representam cerca de 90% do indicador. A agropecuária, por sua vez, apresentou queda de 1,7% em 2022.

De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, o setor de serviços foi responsável por 2,4 pontos percentuais do crescimento em 2022, destacando-se a retomada da demanda pelos serviços pessoais e profissionais após a pandemia de COVID-19, especialmente os setores ligados ao turismo.

Já na indústria, o destaque foi a atividade de eletricidade, gás, água, esgoto e gestão de resíduos, que apresentou um crescimento de 10,1%. A construção também teve um aumento de 6,9%, influenciada pelo ano eleitoral e pela ocupação da atividade.

No setor agropecuário, houve queda de 1,7%, sendo a produção de soja o principal fator para o resultado negativo. As exportações de bens e serviços cresceram 5,5%, enquanto as importações aumentaram em 0,8%.

IoP

Lucro da Petrobras em 2022 é de R$ 188 bi, 77% superior ao de 2021

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Foto: Zachary Theodore/Unsplash

A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 188,3 bilhões em 2022, o que representa um aumento de 77% em relação ao ano anterior.

No quarto trimestre do ano, a estatal obteve lucro de R$ 43,3 bilhões, um aumento de 38% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Esse aumento expressivo no lucro líquido pode ser explicado, de acordo com a Petrobras, principalmente pela alta nos preços do petróleo (Brent) no mercado internacional e pelos ganhos obtidos com acordos de coparticipação em campos da cessão onerosa.

Além disso, os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingiram um volume recorde de R$ 340,5 bilhões em 2022, um aumento de 45% em relação a 2021. No último trimestre, o Ebitda foi de R$ 73,1 bilhões.

Em relação aos tributos e participações governamentais no Brasil, a Petrobras registrou um recorde no pagamento anual, que chegou a R$ 279 bilhões. A dívida financeira da empresa fechou o ano em US$ 30 bilhões, o que representa uma redução de 16% em comparação a 2021.

Taxa de desemprego de 2022 fica em 7,9%, a menor taxa anual desde 2014

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Foto: Olga Serjantu/Unsplash

O Brasil terminou 2022 com taxa de desemprego de 7,9%. Esse foi o menor patamar anual desde 2014, quando fechou aos 6,6%. Os trabalhos sem carteira de trabalho –informais– atingem 13,2 milhões de pessoas. Esse é o maior número da série histórica, iniciada em 2012. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou o resultado nesta 3ª feira.

O nível registrado no 4º trimestre do ano passado também é o menor desde o trimestre de dezembro, janeiro e fevereiro de 2015 (7,5%). Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). A taxa de desemprego caiu 0,8 ponto percentual em comparação com o 3º trimestre de 2022. Em 1 ano, tombou 3,2 pontos percentuais. Havia terminado o ano anterior com taxa de 11,1% de desocupados.

Fonte: IBGE

Em números absolutos, a população ocupada caiu para 8,6 milhões. No trimestre, diminuiu em 888 mil pessoas, ou uma queda de 9,4%. Recuou 3,4 milhões em comparação com dezembro de 2021, ou queda de 28,6%.

A taxa de desemprego média do ano foi de 9,3%, recuando 3,9 pontos percentuais em relação a 2021. A população desocupada totalizou 10 milhões na média, com queda de 3,9 milhões (ou 27,9%) ante o ano anterior.

É considerado subutilizado quem está desempregado, trabalha menos do que poderia ou não procurou emprego mesmo estando disponível para trabalhar. A taxa de subutilização caiu para 18,5% no 4º trimestre de 2022, uma queda de 1,6 ponto percentual em relação ao 3º trimestre. É o menor patamar desde o 4º trimestre de 2016, quando era de 17,9%. Em 1 ano, recuou 5,8 pontos percentuais. Em 2022, o número de pessoas subutilizadas foi de 21,3 milhões, o que representa uma queda de 2,1 milhões no último trimestre e de 7 milhões em 1 ano.

Dentro do grupo de subutilizados há os desalentados, que são aqueles que não procuram empregos porque não acreditam que vão conseguir. Eram 4 milhões de pessoas nesta situação no 4º trimestre de 2022. Essa população caiu 6,2% nos últimos 3 meses do ano, o que equivale a 262 mil pessoas. Em 1 ano, recuou 16,6%, ou 793 mil pessoas.

Mercado de Trabalho

A população ocupada anual foi a maior da série histórica, iniciada em 2012. Foram 99,4 milhões de pessoas.

Segundo o IBGE, a população ocupada registrou estabilidade em relação ao 3º trimestre. Mas, em 1 ano, subiu 3,8%, o que corresponde a mais 3,6 milhões de pessoas. O número de empregados com carteira de trabalho (exceto trabalhadores domésticos) foi de 36,9 milhões em 2022. Subiu 1,6% no 4º trimestre, o que representa 593 mil pessoas. De 2021 a 2022, o número de pessoas com trabalhos formais subiu 2,4 milhões (uma alta de 6,9%).

A quantidade de empregos sem carteira assinada ficou estável no último trimestre do ano, com 13,2 milhões de pessoas. Aumentou 6,4% em 1 ano, ou 792 mil brasileiros. O número, no entanto, é o maior de toda a série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. A taxa de informalidade do país foi de 38,8% da população ocupada –corresponde a 38,6 milhões de trabalhadores informais. A taxa havia sido de 39,4% no 3º trimestre de 2022 e de 40,7% no 4º trimestre de 2021.

Renda e Massa Salarial

O rendimento real habitual do trabalhador cresceu 1,9% no 4º trimestre de 2022 em relação ao anterior. Somou R$ 2.808 no fim de 2022. Em comparação com 2021, teve uma alta de 8,3%.

A massa de rendimento real habitual aumentou 2,1% (mais R$ 5,6 bilhões) no 4º trimestre ante o anterior. Chegou no fim de 2022 a R$ 274,3 bilhões. Na comparação anual, subiu 12,8%, ou R$ 31,2 bilhões.

Fonte: Poder 360

O dinheiro é o que permite o desenvolvimento e o progresso da civilização

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Foto: Miles Burke/Unsplash

Em termos simples, o dinheiro pode ser definido como um “meio de troca aceito por todos”.

O dinheiro é o bem que todas as pessoas de uma sociedade estão dispostas a aceitar — com efeito, estão ávidas para aceitar — em troca de produtos e serviços que elas oferecem.

Tão logo as pessoas recebem dinheiro em troca dos bens e serviços que ofertam, elas subsequentemente o utilizam com o objetivo de fazer novas trocas comerciais, para então obter os produtos e serviços de outras pessoas, as quais estão igualmente ávidas para aceitar esse dinheiro delas.

Sendo assim, o dinheiro é a mercadoria de mais fácil comercialização em uma economia. Um indivíduo está disposto a aceitar dinheiro porque tem a convicção de que todas as outras pessoas estarão dispostas a aceitar este dinheiro dele em troca de bens e serviços.

Sem o dinheiro, não há divisão do trabalho

Independentemente da maneira como o dinheiro surge na economia, o fato de que ele existe é algo extremamente benéfico. Sem o dinheiro, uma sociedade baseada na divisão do trabalho — da qual toda a moderna civilização depende para ter bem-estar — não poderia existir.

Uma sociedade baseada na divisão do trabalho é caracterizada pelo fato de que cada indivíduo se dedica a produzir apenas um bem ou serviço — ou, no máximo, uma pequena quantidade de bens e serviços. E cada um destes bens e serviços é consumido pelas outras pessoas.

Ao mesmo tempo, praticamente tudo o que qualquer indivíduo consome nesta sociedade é produzido pelo trabalho de outros. 

Apenas pense em qualquer emprego que você já teve, em quão específica era a natureza daquele trabalho, e quem, em última instância, foi beneficiado pelo fato de que aquele serviço foi fornecido. Se, por exemplo, você trabalhou em uma fábrica de botões de camisa, os beneficiários físicos do seu trabalho foram as pessoas cujas camisas tinham os botões que você ajudou a fabricar. 

Igualmente, pense em todos os tipos de trabalho feitos por todas as pessoas que fabricam bens e serviços que você consome: de ar-condicionado e automóveis a produtos contendo zinco e zircônio.

Entre os benefícios de uma sociedade baseada na divisão do trabalho está o fato de que o volume de conhecimento empregado nos processos de produção cresce contínua e exponencialmente. Em vez de todas as pessoas viverem como agricultores que visam apenas à subsistência, e que aplicam seus escassos conhecimentos produtivos apenas para si próprias, sob um arranjo de divisão do trabalho o volume de conhecimento aplicado na produção passa a refletir todo o conjunto combinado de conhecimentos de todas as diferentes especializações.

E cada indivíduo, na condição de comprador dos bens e serviços de outras pessoas, se beneficia deste radicalmente ampliado conjunto de conhecimentos.

Uma sociedade baseada na divisão do trabalho, e todos os seus benefícios, não seria possível caso não houvesse dinheiro. Na ausência do dinheiro, bens e serviços só poderiam ser trocados por outros bens e serviços por meio da prática direta do escambo.

O produtor de cada bem ou serviço teria de encontrar alguma maneira de trocar o bem ou serviço específico que ele produziu por todos os bens e serviços que ele deseja adquirir de todas as outras pessoas.

Por exemplo, os produtores de ácido sulfúrico, de vigas de aço, de rolamentos, de chips de computadores, de cortes de cabelo etc. teriam de encontrar alguma maneira de oferecer seus bens e serviços em troca de comida, roupa e alojamento. 

Porém, quantos agricultores ou donos de mercearia, quantos comerciantes ou fabricantes de roupas, quantos proprietários de imóveis, incorporadoras ou financiadores hipotecários teriam necessidade de tais produtos — principalmente com uma frequência cotidiana?

Mais: como poderiam os produtores de bens tão valiosos e indivisíveis, como carros ou imóveis, oferecer estes seus produtos em troca de coisas de pequeno valor, como um pedaço de pão? Eles não têm como fragmentar carros ou imóveis em pedaços menores e usar esses pedaços como moeda de troca para conseguir pão.

Nestas e em praticamente todas as outras situações, um tremendamente complicado e oneroso processo de trocas indiretas teria de ser feito, tais como, por exemplo, trocar chips de computadores por computadores, trocar computadores por farinha de trigo (supondo que alguém conseguiria encontrar um dono de moinho de trigo que necessitasse de um computador naquele exato momento), e trocar farinha de trigo por pães (supondo que alguém teria uso para caminhões e armazéns lotados de pães). 

No fim, cada indivíduo teria de criar uma enorme e variada coleção de bens que pudesse satisfazer terceiros para, com isso, convencê-los a participar de qualquer transação comercial. Cada indivíduo teria de ter uma variedade de bens que teriam de ser utilizados para pagar empregados, consumidores e fornecedores. E todos estes, por sua vez, também teriam de incorrer em uma série de transações complicadas para também conseguirem os bens e serviços que querem, e para acumular os bens que necessitariam apenas para transacionar com terceiros. 

Simplesmente seria impossível para cada individuo obter os bens e serviços que desejam ou necessitam.

Outro problema que existiria na ausência do dinheiro seria a total incapacidade de se calcular custos, de modo que ninguém conseguiria saber se suas operações foram bem-sucedidas. O fabricante de chips de computador, por exemplo, começou com uma determinada quantidade de silício e com uma determinada quantidade de maquinário de fabricação de chip. Após utilizar todo o silício e exaurir uma parte da vida útil de seu maquinário, ele fará trocas comerciais e terminará em posse de uma determinada quantidade de pães ou de um punhado de bens pelos quais pães podem ser trocados. 

Como poderá esse produtor saber se teve lucro ou prejuízo em sua operação? (Vale ressaltar que este é exatamente o tipo de problema que ocorre em uma economia socialista, a qual, como Mises demonstrou, é incapaz de calcular custos).

Na ausência do dinheiro, a única maneira confiável de adquirir itens básicos e de primeira necessidade seria ou tentando produzir cada um deles por conta própria, como um agricultor de subsistência, ou tentando produzir bens e serviços que agricultores estão sempre demandando — por exemplo, você teria de se tornar um ferreiro ou um médico rural.

Mas isso, obviamente, significaria a completa destruição da extremamente produtiva especialização gerada pela economia baseada na divisão do trabalho, e a abolição da oferta da enorme variedade de bens e serviços vitais para um moderno padrão de vida.

O resultado seria um apavorante empobrecimento e uma explosão na mortalidade, levando a uma acentuada despopulação. Um precedente histórico deste exemplo ocorreu no século III d.C.: uma das principais razões  para o colapso do Império Romano foi a destruição do dinheiro.

Com o dinheiro, todo o progresso é possível 

A existência do dinheiro impede esses problemas. 

Por causa do dinheiro, um produtor não tem de produzir apenas aquilo que seus ofertantes de bens e serviços essenciais querem. Tudo o que ele tem de fazer é produzir algo que qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo, queira e esteja disposta a dar seu dinheiro em troca.

Pois, uma vez em posse deste dinheiro, tal produtor poderá agora comprar o que desejar de quem ele quiser — afinal, o dinheiro é algo que todos querem, é a mercadoria de mais fácil comercialização em uma economia.

Desta maneira, a existência do dinheiro radicalmente aumenta o grau em que a divisão do trabalho pode ser ampliada e aprofundada.

Ao mesmo tempo, o dinheiro fornece a base intelectual para a conduta da sociedade baseada na divisão do trabalho.

Por causa do dinheiro e da existência de preços monetários para todos os bens e serviços, os produtores se tornam capazes de comparar suas receitas monetárias com seus custos monetários e, com isso, saber se estão sendo eficientes em sua produção. 

Em uma economia monetária, aquele fabricante de chips de computado sabe o custo monetário do silício e do maquinário utilizado para fabricar os chips, bem como o valor monetário dos chips que ele produz e vende.

Supondo que o poder de compra do dinheiro não tenha caído significativamente entre o momento em que o produtor comprou seus meios de produção (bens de capital e mão-de-obra) e o momento em que ele vende seus produtos, um lucro monetário significa um aumento em sua capacidade de adquirir bens e serviços de terceiros. Consequentemente, isso comprova que sua operação foi bem-sucedida.

Intimamente relacionado a isso está o fato de que a existência dos preços torna possível comparar os custos de se utilizar diferentes métodos de produção e, consequentemente, escolher o mais econômico. O sistema de preços — possibilitado pelo dinheiro — torna possível comparar a lucratividade de se produzir diferentes produtos, a lucratividade de se investir em áreas diferentes e, acima de tudo, comparar em termos remuneratórios as vantagens de se trabalhar em uma determinada ocupação em vez de em outra.

Os preços estabelecidos pelo mercado permitem que os empreendedores descubram novas informações sobre o atual estado do mercado e utilizem esse conhecimento para aproveitar novas oportunidades de lucro. É essa busca pelo lucro que os leva a atuar de forma empreendedora, comprando fatores de produção a preços baixos, utilizando-os para transformar matéria-prima em bens de consumo, e vendendo o produto final a preços mais altos. 

Como o explicou Mises:

O que possibilita o surgimento do lucro é a ação empreendedorial em um ambiente de incerteza. Um empreendedor, por natureza, tem de estar sempre estimando quais serão os preços futuros dos bens e serviços por ele produzidos. Ao estimar os preços futuros, ele irá analisar os preços atuais dos fatores de produção necessários para produzir estes bens e serviços futuros. 

Caso ele avalie que os preços dos fatores de produção estão baixos em relação aos possíveis preços futuros de seus bens e serviços produzidos, ele irá adquirir estes fatores de produção. Caso sua estimação se revele correta, ele auferirá lucros.

Ou seja, é a existência de preços monetários surgidos livremente no mercado o que permite a apreensão de informações e todo o subsequente processo racional de produção. Sem preços monetários de mercado não há cálculo econômico porque a criação e a transmissão de conhecimento empreendedorial necessário para coordenar a sociedade ficam bloqueadas. 

Igualmente, o dinheiro permite a divisão intelectual do trabalho e a especialização da mão-de-obra.

A divisão do trabalho é um arranjo em que cada indivíduo se especializa naquilo em que é bom e, desta maneira, ganha seu sustento produzindo — ou ajudando a produzir — um bem ou um serviço.

A divisão do trabalho é algo cuja plenitude só pode ocorrer sob o sistema capitalista com preços monetários. 

Havendo preços monetários e havendo a possibilidade de se calcular custos (ambas as coisas só são permitidas pelo dinheiro), cada indivíduo pode escolher se especializar naquela ocupação em que ele terá o maior ganho possível de acordo com suas habilidades; oindivíduo irá se especializar na produção daqueles bens e serviços que ele é capaz de produzir com mais eficiência para, em seguida utilizar sua renda monetária (alta, por causa da sua especialização), para comprar aqueles bens e serviços que são produzidos de maneira mais eficiente por outros indivíduos em outras localidades.

Um indivíduo maximiza seu bem-estar quando pode se especializar naquilo que faz melhor e, em decorrência disso, utiliza sua receita monetária para comprar, ao menor preço possível, os bens e serviços de que necessita.

Em uma economia monetária, as pessoas — exatamente por poderem adquirir bens e serviços fornecidos por terceiros que são melhores no suprimento destes — podem se concentrar naquilo em que realmente são boas. 

Consequentemente, todo o progresso permitido pela divisão do trabalho ocorre. Tal arranjo é o que permite o surgimento de especialistas como neurocirurgiões, cardiologistas, oftalmologistas, gastroenterologistas, agricultores, carpinteiros, alfaiates, pilotos de avião, professores, financistas, instrutores de ioga, artistas, cineastas, chefs, contadores e empreendedores do ramo de tecnologia.

A especialização em cada uma destas profissões só ocorre porque cada indivíduo calculou os custos e os benefícios de se especializarem nelas e de venderem o resultado de sua especializações para consumidores voluntários. Tudo isso só é possível porque há preços livremente formados pelo uso do dinheiro. 

O efeito de tais indivíduos se especializarem em cada uma destas áreas é o surgimento de um corpo de conhecimento tão extenso e disperso que gera a existência de uma infinidade de produtos. 

Essa multiplicação da quantidade de conhecimento voltada ao processo produtivo gera um aumento contínuo e progressivo da própria quantidade de conhecimento, criando um ciclo de progresso que se retroalimenta.

A importância da moeda sólida: a destruição de um ciclo econômico

Tendo entendido tudo isso, torna-se evidente a importância de se ter uma moeda sólida. 

Uma moeda sólida é simplesmente aquela que não gera uma falsificação de todo o processo de cálculo econômico. Segundo o próprio Ludwig von Mises, para que o cálculo econômico ocorra de maneira acurada, tudo o que é necessário é evitar grandes e abruptas flutuações na oferta monetária.

Se a oferta monetária — a quantidade de dinheiro na economia — é profunda e abruptamente alterada, todo o processo de cálculo econômico é falsificado.

Atividades e ocupações que até então não eram atraentes (por não serem lucrativas) repentinamente se tornam rentáveis. Mas a consequência é nefasta.

Excetuando-se a hiperinflação — em que o próprio cálculo de preços, custos e lucros se torna impossível para prazos maiores do que 30 dias —, o  caso mais clássico de falsificação do cálculo econômico decorrente de manipulações na oferta monetária são os ciclos econômicos.

Quando o Banco Central atua para reduzir artificialmente os juros, ele provoca uma expansão da oferta monetária. Estes dois fatores (juros menores e expansão monetária) faz com que aqueles investimentos que antes não eram atraentes repentinamente se tornem promissores. 

Quando os juros dos empréstimos bancários são reduzidos (em decorrência do maior volume de dinheiro que agora pode ser emprestado), aqueles projetos de longo prazo que antes eram inviáveis tornam-se agora — exatamente por causa dos juros mais baixos e do maior volume de dinheiro — aparentemente viáveis. 

Esses projetos de longo prazo — como, por exemplo, empreendimentos imobiliários, construção de shoppings, fabricação de máquinas, e ampliação da capacidade produtiva das indústrias — são aqueles que demandam mais capital e mais investimentos vultosos. O que antes parecia caro, agora, repentinamente — por causa dos juros menores e do maior volume de dinheiro disponível — parece bem mais acessível.

Consequentemente, vários projetos e empreendimentos de longo prazo que antes se mostravam desvantajosos tornam-se agora aparentemente (muito) lucrativos. 

Esse novo dinheiro criado pelo Banco Central e injetado na economia por meio do sistema bancário (via concessão de empréstimos) faz empreendedores pensarem que outras pessoas pouparam dinheiro — reduziram seu consumo —, desta forma liberando capital para a economia.

No entanto, a realidade é que não houve nenhum aumento na poupança, e nenhum aumento em bens de capital. Houve apenas criação de moeda e manipulação de juros.

Só que, em algum momento, inevitavelmente, preços e custos começarão a subir, e consequentemente os juros bancários também subirão (se os bancos não subirem os juros, receberão de volta uma moeda valendo muito menos do que quando emprestaram).

Neste ponto, com a subida dos juros, a expansão do crédito é interrompida (ou fortemente reduzida), os juros de longo prazo sobem, a expansão monetária é desacelerada, a renda e a demanda param de crescer, e os investimentos se comprovam sem sustentação, pois não havia poupança real os lastreando.

O mercado inevitavelmente irá impor o desejo dos consumidores e todos estes empreendimentos que até então pareciam lucrativos revelar-se-ão um grande desperdício.  

Vários investimentos de longo prazo feitos durante o período da expansão monetária se tornam ociosos, revelando que sua produção foi um erro e um esbanjamento desnecessário (o que os fez ser distribuídos incorretamente no tempo e no espaço) porque os empreendedores se deixaram enganar pela abundância do crédito, pela facilidade de seus termos e pelos juros baixos estipulados pelas autoridades monetárias.

Vale ressaltar que a expansão monetária não aumenta a produção. A expansão monetária altera a produção. Ela desvirtua a produção. Ela retira recursos de determinados setores e os redireciona para outros setores. Por isso, a teoria dos ciclos econômicos é uma teoria sobre investimentos errôneos e insustentáveis (os malinvestments). Estes investimentos, uma vez descobertos, têm de ser liquidados. Este processo de liquidação é a recessão.

Por isso, criar moeda não tem como criar riqueza nem aumentar produção. Criar moeda apenas desvirtua a produção e mal direciona recursos. Há menos produção em determinados setores e mais produção em outros setores. A produção total não aumenta.

No final, os investimentos acima imobilizaram capital e recursos escassos para seus projetos, recursos estes que agora não mais estão disponíveis para serem utilizados em outros setores da economia.  

No geral, a economia está agora com menos capital e menos recursos escassos disponíveis, pois boa parte foi imobilizada em empreendimentos insustentáveis no longo prazo.

Todos estão mais pobres.

Ciclos econômicos, portanto, são um fenômeno tipicamente causado pela manipulação dos juros e pela expansão monetária. É um fenômeno inerente a qualquer arranjo que não tenha uma moeda sólida.

Para concluir

Ao radicalmente aumentar a amplitude e a profundidade da divisão do trabalho, e ao fornecer o arcabouço intelectual essencial para orientar a condução dessa divisão do trabalho, o dinheiro é o que torna possível a moderna civilização material, com seu crescente conforto e bem-estar.

O dinheiro é o pilar essencial de tudo o que existe de bom no mundo material.

Manipulações artificiais em sua quantidade não apenas não têm como gerar riqueza, como, ao contrário, tendem a destruí-la em decorrência de toda a falsificação do cálculo econômico que tal medida gera.


George Reisman é autor de Capitalism: A Treatise on Economics.

Fonte: Mises Brasil

O que é o “novo pré-sal” e por que a Petrobras aposta tanto nele

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Foto: Daniel Olah/Unsplash

A Petrobras pretende iniciar em breve a exploração de petróleo em uma fronteira, a chamada Margem Equatorial. Apelidada de “novo pré-sal”, a região abrange uma extensa faixa da costa do Amapá até o Rio Grande do Norte, e deve receber 49% dos investimentos em exploração da companhia até 2027.

Embora a exploração não deva se dar necessariamente sob uma camada de sal, a região recebeu o apelido em razão do potencial de fornecimento de petróleo e gás natural, corroborado por reservas encontradas em territórios vizinhos, de mesmo contexto geológico, nos últimos anos.

Somente a ExxonMobil já soma, desde 2015, mais de 25 descobertas de hidrocarbonetos no mar territorial da Guiana, cinco apenas em 2022. Na área offshore do Suriname, a TotalEnergies e a Apache anunciaram a descoberta de seis reservas significativas no chamado bloco 58 desde janeiro de 2020.

Além disso, descobertas nas bacias da chamada Margem Conjugada Africana, que guarda similaridade geológica com a Margem Equatorial brasileira, aumentam as expectativas para a exploração e produção de óleo e gás na região, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

“A Margem Equatorial é considerada uma área estratégica para a Petrobras e uma fronteira exploratória promissora em águas ultraprofundas. As descobertas recentes feitas por outras empresas em regiões vizinhas a essa fronteira (offshore das Guianas e do Suriname) corroboram esse potencial”, diz a Petrobras, em nota.

Em seu primeira declaração após ser empossado, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates defendeu a ampliação das fronteiras exploratórias de óleo e gás pela companhia, incluindo “toda a costa da margem equatorial, essa nova e promissora fronteira exploratória e onde também há um forte potencial para energias renováveis”.

Para dar início aos trabalhos, a companhia aguarda a emissão de uma licença ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Como parte desse plano, a Petrobras já recebeu autorização ambiental do governo do Pará para um “simulado de vazamento” na bacia da foz do Amazonas.

Assim que obtida a licença do Ibama, a primeira perfuração será a 160 quilômetros da costa, em águas ultra profundas (2,8 mil metros de profundidade), em região pertencente ao estado do Amapá, na bacia da Foz do Amazonas.

Os blocos da bacia foram os mais disputados na 11.ª rodada de licitações de petróleo e gás da ANP, realizada em maio de 2013, e acabaram arrematados por um consórcio formado por TotalEnergies (40%), Petrobras (30%) e BP (30%).

A dificuldade na obtenção do licenciamento ambiental e a opção por investir em energias limpas fez com que as multinacionais desistissem da operação em 2020 e 2021, respectivamente. Ambientalistas criticam a exploração na região por considerarem que a atividade coloca em risco a biodiversidade local.

Em maio de 2022, a Petrobras recebeu uma autorização do Ibama para a avaliação pré-operacional como condição para a licença para exploração. “Estamos preparados para nossa jornada na Margem Equatorial empregando todo o conhecimento operacional da Petrobras e as tecnologias necessárias para a preservação e manutenção das características físicas e biológicas do ambiente. Em paralelo, desenvolveremos projetos socioeconômicos positivos para a região, com foco no cuidado ambiental”, informou a empresa à Gazeta do Povo.

Segundo a companhia, as atividades de perfuração serão monitoradas e acompanhadas 24 horas por dia por meio de equipamentos e equipes técnicas especializadas. “Como forma de garantir a segurança das atividades, serão realizadas inspeções planejadas de sistemas e equipamentos, programas de manutenção preventiva e corretiva, treinamentos, simulados de emergência, vistorias e auditorias”, afirma.

A Petrobras trata os projetos da Margem Equatorial como “a nova geração de projetos de óleo e gás”, porque buscariam sinergia com novas fontes renováveis e de baixo carbono nas áreas em que a empresa atua.

Até 2027, a estatal planeja investir ao menos US$ 2,94 bilhões em atividades de exploração da Margem Equatorial, com previsão de perfuração de 16 poços, de acordo com o plano estratégico da empresa para o próximo quadriênio. Segundo a companhia, a abertura de novas frentes exploratórias dependerá da obtenção das licenças ambientais correspondentes.

Hoje, a maior parte da produção da Petrobras advém da camada do pré-sal. No 3º trimestre de 2022, foram produzidos em média 2,64 milhões de barris de óleo equivalente por dia, dos quais 1,94 milhão – ou 73% – vieram da fronteira exploratória.

Fonte: Gazeta do Povo

TCU autoriza privatização de dois portos e de hidrelétrica

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Foto: Diogo Hungria/Unsplash

O Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou o prosseguimento dos processos de privatização dos portos de São Sebastião (SP) e de Itajaí (SC). O órgão também autorizou que a Companhia Paranaense de Energia (Copel) renove antecipadamente a concessão de uma usina hidrelétrica antes de a empresa ser privatizada.

No caso dos portos, caberá a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) elaborar os editais dos leilões. O ministro Walton Alencar, relator do caso, determinou que a receita da venda dos portos vá diretamente ao Tesouro Nacional, em vez de ir para uma conta específica destinada ao reequilíbrio financeiro dos contratos e para pagar eventuais indenizações.

Em relação ao porto de Itajaí, o ministério ordenou que o Ministério de Portos e Aeroportos e a Antaq retirem do edital a cobrança de verba de fiscalização e atualizem os estudos de concorrência dos empreendimentos. Alencar recomendou ainda que o ministério avalie o envio de um projeto de lei ao Congresso para que os valores obtidos com as privatizações sejam convertidos em investimentos nos próprios projetos.

Desde dezembro de 2021, o Porto de São Sebastião estava no Programa Nacional de Desestatização (PND). O porto de Itajaí foi qualificado para o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) em junho de 2020. A autorização do TCU joga a decisão sobre as privatizações para o Ministério de Portos e Aeroportos, que informou que não pretende prosseguir com as vendas neste governo, no máximo leiloar os terminais portuários e alguns serviços, como dragagem, sem deixar de controlar os portos.

Copel

O TCU também aprovou hoje que a Copel acelere a renovação da outorga da hidrelétrica Foz do Areia antes de ser privatizada. Originalmente, a concessão da usina venceria em 2024, mas a Copel, estatal elétrica do Paraná, tinha acertado com o Ministério de Minas e Energia em outubro do ano passado, antecipar a renovação da concessão, pagando um bônus até dezembro deste ano.

A antecipação permite que a usina continue sobre controle da Copel após a privatização, em vez de terem a concessão revertida para a União. Em novembro do ano passado, a Assembleia Legislativa do Paraná aprovou a privatização da Copel, com um modelo de golden share, que permite ao governo estadual ter poder de veto em decisões da companhia. Neste momento, o Tribunal de Contas do Paraná analisa o modelo de privatização.

Edição: Fábio Massalli – Agência Brasil

Brasil ganha 1,7 milhão de hectares de superfície de água em 2022

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Foto: Sébastien Goldberg/Unsplash

O Brasil ganhou 1,7 milhão de hectares de superfície de água em 2022 e ficou 1,5% acima da média da série histórica, iniciada em 1985, ocupando no total 18,22 milhões de hectares de superfície, ou 2% do território nacional, o equivalente a quatro vezes o estado do Rio de Janeiro em rios, lagos e usinas hidrelétricas. Mas, mesmo assim, em 30 anos o país perdeu 1,5 milhão de hectares de superfície de água.

Segundo o mapeamento do MapBiomas Água, o ano passado foi o primeiro, desde 2013, em que a superfície de água no Brasil ultrapassou a barreira dos 16 milhões de hectares. Ao todo, o país ainda tem em torno de 6% da superfície e 12% do volume de toda a água doce do planeta.

O levantamento mostrou ainda que, em 2022, a superfície de água anual do Pantanal aumentou pela primeira vez desde 2018. Mas o bioma ainda passa por um período seco, uma vez que a diferença da superfície de água com a média da série histórica é de 60,1%. O Pampa também registrou queda de 1,7% em relação a média, alcançando a menor área de superfície de água de toda a série histórica.

Todos os demais biomas ganharam superfície de água em 2022: Cerrado (11,1%), Amazônia (6,2%), Caatinga (4,9%) e Mata Atlântica (1,9%). Entre os estados, Mato Grosso com redução de 48%, Mato Grosso do Sul, de 23%, e Paraíba, de 12%, vão na contramão do ganho de superfície de água registrado na maioria dos estados em 2022.

O coordenador técnico do MapBiomas Água, Juliano Schirmbeck, explica que a variação se deve a um aumento de chuvas, mas também ao La Niña, fenômeno que comumente aumenta a chuva na Região Norte e a reduz na Região Sul do país.

“Observamos um aumento de eventos de precipitação em grande parte do país, com chuvas acima da média, e isso trouxe a recuperação observada em nossos dados. Mas vivemos momentos de mudanças climáticas, os quais nos indicam que cada vez mais vamos ter eventos e situações extremas. Também passamos por um evento de La Niña, bem pronunciado, que influencia no regime de precipitação do Brasil, reduzindo chuvas no sul do país e aumentando na parte central e norte”.

A superfície de água em reservatórios oficiais monitorados pela Agência Nacional de Águas (ANA) em 2022 também foi a maior dos últimos 10 anos: 3.184.448 ha, 12% a mais que a média da série histórica. Os reservatórios respondem por 22% da superfície de água no Brasil, os outros 78% são rios e lagos e pequenas represas.

Agência Brasil

Energia solar ultrapassa 25 GW e alcança 11,6% da matriz elétrica

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O Brasil ultrapassou a marca de 25 gigawatts (GW) de potência de energia solar em fevereiro, divulgou a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). O levantamento considera tanto as usinas solares de grande porte, como os sistemas de geração própria de energia em telhados, fachadas e pequenos terrenos.

De acordo com Absolar, a energia solar já equivale a 11,6% da matriz elétrica do país. O setor atravessa um crescimento exponencial. De fevereiro do ano passado para este mês, a potência ligada à energia solar saltou de 14,2 GW para 25 GW, com alta de 76%. Desde julho do ano passado, a potência de geração solar instalada no país tem crescido em média, 1 GW por mês.

Desde 2012, segundo a entidade, os investimentos em fonte solar de energia somaram R$ 125,3 bilhões e gerou cerca de R$ 39,4 bilhões em arrecadação aos cofres públicos. Em cerca de dez anos, o setor gerou 750,2 mil empregos acumulados e evitou a emissão de 33,4 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) na geração de eletricidade.

A produção de energia elétrica concentra-se nos pequenos usuários. Atualmente, 17,2 GW são produzidos no sistema de geração própria (em casa ou em terrenos próprios). As grandes usinas solares têm potência de 7,8 GW.

O mesmo ocorre com os investimentos e o emprego. Desde 2012, o segmento de geração própria gerou 517,2 mil empregos no Brasil e R$ 88,4 bilhões em investimentos. As usinas de grande porte criaram 233 mil empregos acumulados no país e foram responsáveis por R$ 36,9 bilhões em investimentos.

Perspectivas

Segundo a Absolar, as perspectivas para a energia solar no Brasil são favoráveis. O país pode usar um dos maiores recursos solares do planeta para produzir hidrogênio verde (hidrogênio produzido sem combustíveis fósseis). Esse cenário, no entanto, depende da ampliação dos investimentos.

A associação cita estudo da consultoria Mckinsey, segundo o qual o Brasil precisará receber investimentos de US$ 200 bilhões até 2040 para ter uma nova matriz elétrica dedicada à produção de hidrogênio verde. Os recursos deverão ser aplicados nos seguintes itens: geração de eletricidade, linhas de transmissão, usinas de produção do combustível e estruturas associadas como portos, dutos e armazenagem.

Edição: Fábio Massalli – Agência Brasil