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CNI prevê crescimento de 3% do PIB em 2021

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Foto: Crystal Kwok/Unsplash

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê que a economia brasileira, medida pelo Produto Interno Bruto (soma dos bens e riquezas gerados), vai crescer 3% em 2021, em um cenário base, que considera o retorno da atividade econômica em maio, com a redução das medidas de isolamento social e controle da pandemia. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (22) no Informe Conjuntural do 1º trimestre do ano. 

Pelas estimativas do setor, o PIB industrial crescerá 4,3% em 2021, puxado pela indústria de transformação, com alta prevista 5,7%. A indústria extrativa crescerá 2% e a indústria de construção deve subir 4%. Para a entidade, a segunda onda da pandemia e os efeitos sobre a economia tornam ainda mais urgentes as reformas estruturais, principalmente a reforma tributária.

“Nos últimos 10 anos, a economia brasileira cresceu a uma taxa média anual de apenas 0,3%, enquanto a indústria de transformação encolheu 1,6% ao ano, em média. Para a CNI, não há mais tempo para se atacar um problema de cada vez”, diz a entidade.

Cenários

Além do cenário base, a CNI avalia dois outros cenários, um mais otimista e outro mais pessimista. No mais otimista, embora muito improvável, o PIB brasileiro poderia crescer 4,5% este ano, com o PIB industrial, por sua vez, crescendo na faixa de 6,9%, puxado pelo crescimento de 9,7% da indústria de transformação.

Para isso ocorrer, segundo a previsão, será necessário que as medidas de isolamento já adotadas sejam suficientes para desafogar o sistema de saúde e sejam flexibilizadas ao fim de abril ou início de maio. Dessa forma, a queda da atividade em março e abril pode ser de apenas 3,6%. 

Já no cenário pessimista, a CNI argumenta que a piora significativa da situação sanitária obrigará os entes públicos a endurecer as medidas de distanciamento social e de restrição da atividade econômica, que também durarão mais tempo. Apenas em 2022 a atividade retornaria ao nível de atividade pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e o país teria, em 2021, um crescimento do PIB reduzido a 0,6%, com o PIB industrial crescendo 1,3%. 

“Nesse cenário, o nível de atividade econômica de abril de 2021 será pouco superior ao de abril de 2020, ou seja, será próximo ao pior momento da pandemia no ano passado. Estima-se uma retração de 11,8% da atividade em março e abril”, diz o informe. Esse cenário também dificultaria, na visão da CNI, o avanço da agenda de reformas, uma vez que o poder público estaria concentrado nas questões mais emergenciais do prolongamento da pandemia.   

Para estabelecer os cenários, a CNI considera que no cenário base, tido como mais provável, as medidas restritivas serão mais amplas e, principalmente, mais duradouras que no cenário otimista, mas menos intensas e duradouras que as adotadas em 2020.

Desemprego

No cenário base projetado pela CNI, a taxa de desocupação deve crescer e registrar um novo recorde no segundo trimestre de 2021 e depois melhora ao longo do ano. Segundo a entidade, parcela da população que estava fora do mercado de trabalho, seja por desalento, seja por receio da pandemia, ou mesmo porque recebeu renda devido aos auxílios emergenciais, deverá voltar a procurar emprego, elevando as estatísticas nos próximos meses.

“Assim, o número de pessoas ocupadas será maior ao fim de 2021, na comparação com 2020. No entanto, com as pessoas voltando a procurar emprego, ou seja, com o crescimento da força de trabalho, a taxa de desocupação média de 2021 será de 14,6%, superior aos 13,5% observados na média de 2020”.

Inflação

A inflação, medida pelo Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), atingiu 5,2% ao ano nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro de 2021, o que representa 1,2 ponto percentual superior à taxa de 4%, observada no mesmo período de 2020. Porém, a subida geral dos preços deve se conter nos próximos meses, segundo prevê a CNI.

“O Banco Central vai manter a política de elevação da taxa básica de juros, o real vai apresentar tendência de valorização e o País terá mais uma safra recorde. A CNI estima que o IPCA encerre 2021 em 4,73% ao ano”, diz o Informe Conjuntural. 

Esse percentual de 4,73% de inflação está acima da meta do governo, de 3,75%, mas dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima. Os preços administrados são os que terão o maior impacto do IPCA este ano, principalmente por causa do crescimento da recomposição de reajustes adiados em tarifas como transporte público, água e esgoto e preços de planos de saúde, ainda de 2020.

Taxa de câmbio

O Informe Conjuntural prevê ainda que o real apresentará tendência de valorização em 2021, sobretudo no segundo semestre, com a taxa de câmbio fechando o ano em torno de R$ 4,70 por US$ 1, revertendo em parte a alta depreciação ocorrida no ano passado, quando a moeda brasileira acumulou perda de 25,5% de valor entre janeiro e outubro, a maior desvalorização entre as moedas de 60 países.

O resultado da balança comercial será positivo, mas o superávit deve crescer pouco em relação a 2020. Para a entidade, este cenário é favorável às exportações, pois espera-se maior crescimento da demanda externa em comparação com a demanda doméstica.

Agência Brasil

Nanossatélite brasileiro é lançado com sucesso

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Após ter o lançamento adiado por 24 horas em decorrência de uma falha técnica, o nanossatélite brasileiro NanoSatC-Br2 foi lançado com sucesso nesta segunda-feira (22), às 3h07, a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão. A desacoplagem do foguete Soyuz-2.1A – que leva no total 38 satélites, sendo o maior da Coreia do Sul – aconteceu por volta de 7h (horário de Brasília).

Atraso por falha

Segundo informou a agência espacial russa Roscosmos – responsável pela missão -, uma avaria no foguete Soyuz que transportava 38 satélites, entre eles o brasileiro, foi identificada pelo corpo técnico do cosmódromo momentos antes do lançamento, na madrugada de sábado (20).

NanoSatC-Br2 será o último de 38 satélites a ser liberado em órbita

“Esses atrasos são muito comuns. Anomalias climáticas ou outros eventos que podem influenciar no lançamento estão sempre sendo monitorados. É uma pena, mas o processo todo requer muita segurança”, afirmou Michele Melo, assessora de Inteligência da Agência Espacial Brasileira (AEB), durante o programa especial da TV Brasil sobre o lançamento adiado.

Na ocasião, o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, frisou a importância das medidas e checagens de segurança durante as missões. “Segurança em primeiro lugar, sempre!”, afirmou o ministro.

Sobre o NanoSatC-Br2

De dimensões modestas, o NanoSatC-Br2 pesa apenas 1,72 quilograma. Com 22 centímetros (cm) de comprimento, 10 cm de largura e 10 cm de profundidade, o satélite é menor que uma caixa de sapato. A principal missão do equipamento é monitorar a anomalia magnética do Atlântico Sul – fenômeno natural causado pelo desalinhamento do centro magnético da Terra em relação ao centro geográfico, característica que atrapalha a captação de imagens e transmissão de sinais eletromagnéticos numa determinada faixa do céu -, mas ele também servirá de ferramenta de pesquisa para estudantes de diversos campos: engenharia, aeronomia, geofísica e áreas afins.

Nanossatélite NanoSatC-Br2, por INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Divulgação

O projeto é um esforço conjunto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul e da Agência Espacial Brasileira (AEB). O NanoSatC-Br2 ficará situado a cerca de 500 quilômetros de altitude – na camada da atmosfera chamada Ionosfera – e fará uma órbita polar héliossíncrona, ou seja, o NanoSatC-Br2 cruzará a circunferência entre Polo Norte e Polo Sul, mas sempre no mesmo ponto em relação ao Sol, em ciclos constantes.

O custo estimado do NanoSatC-Br2 – entre desenvolvimento, lançamento e operação – é de cerca de R$ 1 milhão, de acordo com Michele Melo, assessora de Inteligência da Agência Espacial Brasileira (AEB).

O nanossatélite permitirá a capacitação de profissionais em diversos campos relacionados à ciência e tecnologia. “Os alunos vão ajudar na operação do nanossatélite. O contato principal é depois de o equipamento lançado. Eles vão obter os dados científicos que estão chegando à Terra. O fato de os alunos terem esse contato na graduação é fantástico porque eles conhecem como funcionam o mercado de satélite e todo o processo que envolve a fabricação e aquisição de equipamentos, lançamento e operação dele no espaço,” afirmou o professor Eduardo Escobar Bürger, da UFSM.

Missão conjunta

O lançamento do NanoSatC-Br2 é fruto da parceria entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, a AEB e a Roscosmos – a agência espacial russa. O satélite brasileiro é um dos 38 dispositivos que estão carregados no foguete Soyuz-2.1A que parte hoje do Cazaquistão. A missão envolve Brasil, Rússia e outros 16 países – a maior parceria aeroespacial internacional para lançamentos de satélite registrada até hoje.

Agência Brasil

A “luta de classes” é real – só que os lados opostos são diferentes do que imagina a esquerda

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Foto: Arie Wubben/Unsplash

“A história da humanidade é a história da luta de classe”, escreveram Karl Marx e Friedrich Engels logo no início do primeiro capítulo de O Manifesto Comunista.

Segundo o núcleo básico do sistema de crenças marxista, a história da humanidade é a história das lutas entre uma classe dominante relativamente pequena e uma classe de explorados bastante numerosa. A principal forma de exploração é econômica: a classe dominante expropria parte da produção gerada pelos explorados — ou, como dizem os marxistas, a classe dominante “se apropria da mais-valia social e a utiliza para seus próprios propósitos de consumo.”

Essa teoria, em si mesma, é absolutamente correta. No entanto, Marx cometeu um erro crasso ao apontar quais seriam os lados antagônicos desta batalha.

De acordo com Marx, os sistemas sociais pré-capitalistas, como a escravidão e o feudalismo, eram caracterizados pela exploração. Não há nenhuma controvérsia quanto a isso. Afinal, o escravo não é um trabalhador livre e não se pode dizer que ele ganha por estar escravizado. Ao contrário, ao ser escravizado, sua utilidade é reduzida em prol de um aumento na riqueza apropriada pelo escravizador. O interesse do escravo e o interesse do dono do escravo são de fato antagônicos.  

O mesmo é válido quanto aos interesses do senhor feudal que extrai impostos sobre a terra de um agricultor que se apropriou originalmente dela. Os ganhos do senhor são as perdas do agricultor.

E também não há controvérsia quanto ao fato de que tanto a escravidão quanto o feudalismo de fato obstruem o desenvolvimento das forças produtivas. Nem o escravo nem o servo serão tão produtivos quanto seriam sem a escravidão ou a servidão.

No entanto, a ideia genuinamente nova do marxismo — e que deturpou em definitivo toda a ideia, até então correta, da luta de classes — foi afirmar que, essencialmente, nada muda quando se sai do sistema escravagista para o sistema capitalista; nada muda se o escravo se torna um trabalhador livre, ou se o agricultor decide cultivar uma terra originalmente apropriada por outra pessoa e paga um aluguel para fazer isso.

Não só não há luta de classes entre assalariados e patrões sob um arranjo genuinamente capitalista, como também os interesses de ambos não são rivais, mas sim complementares. (Sobre isso, você pode encontrar explicações completas aqui e aqui.)

A luta de classes existente no mundo atual não antagoniza trabalhadores e empreendedores, mas sim os coloca lado a lado. E contra o mesmo inimigo.

No mundo atual, a luta de classes é outra

Vale ressaltar que a teoria do conflito de classes não foi criada por Marx, mas sim pelos liberais franceses do século XIX. Com efeito, foram os intelectuais liberais-clássicos da França, da Inglaterra e dos EUA que lideraram o desenvolvimento inicial desta teoria.

Marx, Engels e mesmo Lênin estavam bem cientes das origens da doutrina de classes, e reconheciam abertamente suas influências burguesas. Entretanto, os marxistas criaram uma versão própria da teoria, a qual, além de ser inferior àquela desenvolvida pelos liberais franceses, era também completamente destituída de sentido lógico (ver os dois links do penúltimo parágrafo da seção acima).

Tanto Marx quanto os liberais franceses concordavam que a sociedade era formada por uma classe de exploradores e por uma classe de explorados. Entretanto, para os liberais, a sociedade não era dividida entre a burguesia e o proletariado, mas sim entre a classe produtiva e a classe política.

Os liberais mostraram que havia duas maneiras de se organizar o esforço humano produtivo: por meio da cooperação pacífica e do comércio, ou por meio da violência.

Cada método — paz ou poder — cria grupos de pessoas com interesses distintos e conflitantes. O primeiro organiza os indivíduos dentro de um sistema de divisão do trabalho, no qual cada pessoa contribui voluntariamente para o bem-estar de terceiros (pois é do interesse próprio delas fazer isso). Já o último organiza os indivíduos em grupos políticos que usufruem o monopólio da coerção e do esbulho.

A filiação de um indivíduo a uma classe não depende de suas funções econômicas — ser assalariado ou empreendedor —, mas sim de sua fonte de renda. O poder político e seus privilégios são as principais fontes de distinção de classes.

Assim, a sociedade pode ser dividida entre a classe produtiva e a classe política: a classe produtiva é formada por aqueles indivíduos que criam riqueza por meio do trabalho, do empreendedorismo, da cooperação pacífica e voluntária, e do comércio; já a classe política é formada por aqueles indivíduos que vivem da exploração desta classe produtiva — no caso, do confisco da renda criada pelos produtivos.

No final, a sociedade é formada, de um lado, por indivíduos que são beneficiários líquidos desta exploração, e, de outro, por indivíduos que são as vítimas desta exploração.

É extremamente importante ressaltar que a classe política não se limita apenas a políticos detentores de cargos públicos. Estes, com efeito, são seus mais ínfimos representantes. A classe política é majoritariamente composta por todos aqueles que se beneficiam da redistribuição da renda confiscada da classe produtora: além dos próprios políticos, a classe política inclui:

a) funcionários públicos (que são recebedores líquidos de impostos);

b) grandes empresários cujas receitas advêm majoritariamente de contratos com o governo (como empreiteiras que fazem obras públicas);

c) empresários que recebem subsídios do governo;

d) empresários protegidos por tarifas de importação;

e) empresários que usufruem uma reserva de mercado protegida pelo governo;

f) pessoas que recebem benefícios assistencialistas (em volume maior do que pagam em impostos).

Todos estes são, em última instância, sustentados por empreendedores e trabalhadores assalariados, que pagam impostos e recebem pouco (ou nada) em troca. A riqueza produzida por estes é parcialmente confiscada pela classe política e redistribuída para seus integrantes. Não fossem os empreendedores e trabalhadores (a classe produtiva) não haveria como existir a classe política, pois não haveria riqueza a ser espoliada.

Assim, o Estado — que é a instituição que efetua o ato da tributação e da redistribuição — é quem estabelece e institucionaliza a divisão de classes e, inevitavelmente, a luta de classes. O Estado não apenas institucionaliza a redistribuição como também cria uma rede de privilégios acessível apenas aos indivíduos e grupos que ele privilegia.

Embora seja difícil definir de maneira perfeita os membros de cada classe, uma boa maneira de começar é distinguindo aqueles que auferem sua renda por meio da produção daqueles que auferem sua renda por meio do esbulho. Há ocasiões em que o mesmo indivíduo pertence aos dois grupos: por exemplo, um funcionário público que também possui um empreendimento produtivo, ou um empreendedor que consegue um subsídio ocasional do Estado.

Em geral, no entanto, os membros produtivos da sociedade são pagadores líquidos de impostos, ao passo que os membros da classe política sobrevivem parasiticamente como consumidores líquidos de impostos. A tributação é quem institucionaliza a divisão entre, de um lado, o Estado e seus grupos privilegiados, e, de outro, as classes produtivas.

Conclusão

A luta de classes existe e é real. Só que os antagonistas não são aqueles imaginados pela esquerda. Ao contrário, empreendedores e assalariados quase sempre estão do mesmo lado da batalha. O inimigo em comum de ambos é o Estado, que é a instituição que divide a sociedade em dois grupos: a classe privilegiada politicamente (que necessariamente é a minoria da população) e aqueles que a sustentam (empreendedores e trabalhadores).

Neste quesito, vale repetir um dos mais brilhantes ensaios já escritos sobre filosofia política: Disquisition on Government, de John C. Calhoun. Segundo Calhoun:

[O] inevitável resultado desta iníqua ação fiscal do governo será a divisão da sociedade em duas grandes classes: uma formada por aqueles que, na realidade, pagam os impostos — e, obviamente, arcam exclusivamente com o fardo de sustentar o governo —, e a outra formada por aqueles que recebem sua renda por meio do confisco da renda alheia, e que são, com efeito, sustentados pelo governo. 

Em poucas palavras, o resultado será a divisão da sociedade em pagadores de impostos e consumidores de impostos.

Porém, o efeito disso será que ambas as classes terão relações antagonistas no que diz respeito à ação fiscal do governo e a todas as políticas por ele criadas. Pois quanto maiores forem os impostos e os gastos governamentais, maiores serão os ganhos de um e maiores serão as perdas de outro, e vice versa. E, por conseguinte, quanto mais o governo se empenhar em uma política de aumentar impostos e gastos, mais ele será apoiado por um grupo e resistido pelo outro.

O efeito, portanto, de qualquer aumento de impostos será o de enriquecer e fortalecer um grupo [os consumidores líquidos de impostos] e empobrecer e enfraquecer o outro [os pagadores líquidos de impostos].

Consequentemente, quanto mais inchado se torna o governo, maior e mais intenso passa a ser o conflito entre essas duas classes sociais.

Por tudo isso, a análise da luta de classes é tão relevante hoje quanto era há dois séculos, se não mais. Com efeito, difundi-la pode ser tão importante para o avanço da liberdade quanto a difusão da teoria marxista foi para o progresso do socialismo.

Tragicamente, a mensagem libertária é simples, porém difícil de ser comunicada efetivamente: a exploração violenta por meio da política cria um conflito de classes destrutivo; já a cooperação pacífica por meio do mercado cria a prosperidade.


Nota do Editor

Sim, a luta de classes existe e é cada vez mais real. Só que ela não antagoniza assalariados e patrões. Ao contrário: estes estão do mesmo lado e têm os mesmos inimigos em comum.

E, com o advento dos lockdowns, em que os produtivos foram proibidos de trabalhar e empreender, ao passo que os parasitas adquiriram o direito de continuar recebendo sem trabalhar — com algumas categorias até mesmo recebendo aumentos (o detalhe de que o salário destes é oriundo do esbulho daqueles) —, o antagonismo ficou ainda mais exacerbado. 

Este é apenas o exemplo mais recente e explícito deste conflito.


Matt McCaffreyé professor de economia na Auburn University e editor do Libertarian Papers.

Fonte: Mises Brasil

Por que os serviços do setor privado parecem ser mais caros

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Foto: Unsplash

Imagine que você seja um excelente mecânico e queira abrir uma nova oficina no seu bairro. O seu objetivo é ofertar serviços básicos de manutenção e conserto de carros para pessoas de baixa renda. E sua intenção é cobrar preços realmente bem acessíveis.

Para isso, você iria cobrar o mínimo possível por sua mão-de-obra, e utilizaria peças de reposição de segunda mão (mas decentes).   

Esse seu serviço seria excelente para aquelas pessoas que querem apenas manter seus automóveis funcionando por alguns anos a mais — ou seja, seu empreendimento não seria nada muito chique, apenas funcional.

Imagine agora que o seu vizinho, vendo que o seu modelo foi bem-sucedido, também decida abrir uma oficina mecânica. Só que ele tem em mente um modelo diferente de negócios. Ele, por meio de um insistente lobby, conseguiu persuadir o governo local de que o acesso a serviços básicos de oficina mecânica é um “direito humano natural”, de modo que tal serviço deve ser ofertado gratuitamente para todos os cidadãos.

Dado que ninguém é capaz de ter lucro ofertando serviços mecânicos gratuitos, torna-se necessário alguma maneira de financiar esse serviço “gratuito”. Sendo assim, o governo e seu vizinho criam o seguinte esquema: o governo irá criar a “taxa da manutenção automotiva” e irá cobrá-la de absolutamente todas as pessoas que tenham carros no seu bairro, independentemente de se elas queiram ou não utilizar a oficina do seu vizinho. O dinheiro coletado será repassado para o seu vizinho. 

Ato contínuo, seu vizinho abrirá a oficina e anunciará a todos que está ofertando serviços básicos de manutenção e conserto de carros gratuitamente a todos que queiram.

Agora você tem um problema. Mesmo que você esteja cobrando o mínimo por sua mão-de-obra e esteja utilizando as mais acessíveis peças de reposição — de modo que, por exemplo, você cobre apenas $50 para trocar um pára-choque —, você ainda sim estará cobrando muito mais caro do que seu vizinho subsidiado pelo governo, que cobra $0 pelo mesmo serviço.

Você pode tentar baratear ainda mais seu serviço não cobrando nada por sua mão-de-obra. Mas, mesmo não cobrando nada por sua mão-de-obra, você ainda tem de pagar pelas peças de reposição que você compra no mercado de usados. Esse é um custo que você tem, e você tem de repô-lo, caso contrário irá à falência. Ou seja, no longo prazo, você terá de ter alguma fonte de renda. Logo, você não pode ofertar sua mão-de-obra gratuitamente para sempre. 

Portanto, reduzir o preço do seu serviço não irá torná-lo mais competitivo perante seu vizinho.  Você tem de ofertar algo diferenciado, algo que atraia aquelas pessoas que estejam dispostas a pagar por serviços bons. Você pode continuar tentando ofertar serviços automotivos básicos, mas aí você terá de superar seu vizinho oferecendo serviços superiores aos seus clientes. Por exemplo, você pode tentar ser mais educado e mais cortês do que seu vizinho; você pode ofertar serviços mais rápidos; você pode dar algumas garantias a mais por seus serviços etc.

Mas a questão permanece: será que seus clientes valorizariam tanto esses benefícios extras ao ponto de estarem dispostos a pagar, digamos, $50 por eles? Talvez alguns até estejam, mas é mais provável que a maioria prefira receber um serviço inferior, mas gratuito, a um serviço superior, mas que cobre $50.

Lembre-se de que seus clientes são pessoas que querem apenas funcionalidade, e não coisas de primeira.  Elas não ligam muito para os penduricalhos extras que você está disposto a oferecer.

Nesse ponto, você irá perceber que tem de mudar o enfoque. Você terá de se concentrar em outro nicho de clientes. Você agora precisa de pessoas que não estejam satisfeitas com os serviços do seu vizinho, ainda que eles sejam gratuitos. Seu objetivo será cortejar pessoas com carros mais novos, que queiram peças novas instaladas, e que também valorizem coisas como cortesia, pontualidade e conveniência ao ponto de estarem dispostas a pagar por elas.

É claro que esse novo tipo de serviço será mais caro do que aquele serviço simples e austero que você estava planejando inicialmente. Você irá abandonar seus planos de ofertar serviços básicos e, em vez disso, irá abrir uma oficina sofisticada e avançada, que ofereça serviços de alta qualidade a clientes dispostos a pagar mais caro.

Agora existem duas oficinas mecânicas no seu bairro: a do seu vizinho, que oferece serviços básicos a preço zero, mas que é sustentada com o dinheiro da “taxa da manutenção automotiva” criada pelo governo e que incide sobre todos do bairro; e a sua, que oferece serviços superiores a clientes que estejam dispostos a pagar bem.

Qualquer um que olhe para essa situação sem saber de nada do que se passou durante o processo de tomada de decisão irá acreditar que a sua oficina privada é inerentemente mais cara por puro motivo de ganância, e que você é um elitista que se recusa a ofertar serviços a clientes mais pobres.

No entanto, é claro que essa é uma interpretação incorreta. Conhecer o processo de tomada de decisão que ocorreu nos bastidores, mas que ninguém viu, nos ajuda a entender que o surgimento da oficina sustentada por impostos obrigou a oficina privada a abandonar seus planos de ofertar serviços baratos. Mais ainda: empurrou a oficina privada para o mercado de serviços mais caros. 

Nesse exemplo, a oficina privada não era inerentemente cara. Sua capacidade de ofertar serviços baratos é que foi impedida pelo surgimento da oficina financiada por impostos.

Utilizei um exemplo de uma oficina mecânica, mas é óbvio que a mensagem é muito mais geral. Esse raciocínio pode ser aplicado a absolutamente todos os produtos e serviços, e os resultados seriam similares. [Nota do IMB: entenda aqui como a existência do SUS encarece a medicina privada e os planos de saúde].

A existência de serviços básicos financiados por impostos expulsa a oferta privada do mesmo (ou até de um melhor) serviço, e estimula os empreendedores privados a se concentrarem em uma clientela de mais alta renda. Isso faz com que os serviços privados aparentem ser inerentemente mais caros. Mas essa é apenas uma impressão superficial. Entender a lógica das escolhas humanas que levam a esse resultado nos faz entender por que não podemos nos deixar enganar por essa impressão superficial.


Matt McCaffrey é professor de economia na Auburn University e editor do Libertarian Papers.

Fonte: Mises Brasil

PF prende hacker suspeito do maior vazamento de dados do Brasil

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Foto: Shahadat Rahman/Unsplash

O homem suspeito de ser o responsável pelo maior vazamento de dados do Brasil foi preso nesta sexta-feira (19), em Uberlândia, em Minas Gerais, durante a Operação Deepwater, da Polícia Federal (PF). A ação investiga a obtenção, divulgação e comercialização de dados de brasileiros, inclusive de diversas autoridades.

As investigações apuraram que, em janeiro último, por meio da internet, inúmeros dados sigilosos de pessoas físicas e jurídicas – tais como Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e Cadastro de Pessoas Jurídicas  (CNPJ), nome completo e endereço – foram ilicitamente disponibilizados.  

As informações poderiam ser adquiridas por meio do pagamento em criptomoedas. O megavazamento de dados foi revelado pelo Dfndr Lab, laboratório especializado em segurança digital da startup PSafe.

Foram colocados à venda, em fóruns na internet, mais de 223 milhões de CPFs, além de informações detalhadas como nomes, endereços, renda, imposto de renda, fotos, beneficiários do Bolsa Família e scores de crédito.

“Após diversas diligências, a Polícia Federal identificou o suspeito pela prática dos delitos de obtenção, divulgação e comercialização dos dados, bem como um segundo hacker, que estaria vendendo os dados por meio suas redes sociais”, disse a Polícia Federal, em nota. A identidade do preso ainda não foi revelada.

No total, os policiais cumpriram cinco mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva nos municípios de Petrolina (PE). As ordens judiciais foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Agência Brasil

Iniciativa privada é fundamental para projetos na Amazônia

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Foto: Andrés Medina/Unsplash

O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (18) que o setor público é decisivo no processo de desenvolvimento sustentável da Amazônia, mas que os investimentos da iniciativa privada são fundamentais para a realização prática dos projetos. A declaração foi dada no lançamento da Iniciativa Amazônia, durante a 61ª Reunião Anual do Conselho de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

“O setor público é um ator decisivo no processo de desenvolvimento sustentável da Amazônia. O fundo atuará em respeito às prioridades nacionais e aos interesses soberanos de cada país. Mas não podemos abrir mão da versatilidade, da inovação e da capacidade de investimento da iniciativa privada, que será fundamental na realização de projetos”, disse Bolsonaro.

A iniciativa visa apoiar atividades econômicas inclusivas e sustentáveis para a região e vai incluir um fundo para o financiamento de projetos. A atração de investimentos acontece no contexto do Pacto de Letícia pela Amazônia, um documento assinado em 2019 por presidentes de países da região que traz uma série de medidas a serem executadas para enfrentar, em especial, os problemas dos desmatamentos e das queimadas na floresta.

De acordo com Bolsonaro, a criação do fundo foi proposto ao BID pelo governo brasileiro em 2019, incluindo o respeito à eficácia dos projetos financiados e à transparência dos gastos. “Com poucos recursos internacionais disponíveis aos países em desenvolvimento, precisamos garantir que os projetos financiados pelo fundo gerem resultados positivos e concretos, sem atrasos, desperdícios ou desvios de verba”, disse o presidente.

Para o presidente, o desenvolvimento sustentável e o fim do desmatamento ilegal dependem da valorização da economia amazônica e da melhoria da qualidade de vida da população local, que inclui a “criação de empregos, produtos e serviços que utilizem de modo sustentável os recursos da floresta”.

Bioeconomia

O ministro da Economia, Paulo Guedes, também discursou durante o evento e explicou que o intuito original da proposta, de estabelecer uma plataforma para captação de doações para a Amazônia, foi mantido, inclusive com a flexibilidade para a captação de recursos do setor privado. “Olhando a frente, precisamos ampliar as oportunidades de bioeconomia, desenvolver cadeias produtivas com alto potencial de agregação de valor e melhorar a integração entre o setor produtivo e as instituições de pesquisa e desenvolvimento”, disse.

De acordo com Guedes, o Ministério da Economia tem como prioridade estabelecer uma agenda de crescimento verde, além das reformas estruturais que viabilizem um ambiente de negócios mais favorável para os empreendedores. “É preciso pensar na Amazônia como um espaço real, com oportunidades de investimentos e desafios, e não como uma abstração”, disse, ressaltando as dificuldades da população que tira seu sustento da região mas convive com o acesso limitado e infraestrutura deficiente de serviços básicos.

“Ao mesmo tempo, reconhecemos que a floresta representa um patrimônio que deve ser cuidado para o usufruto das gerações atuais e futuras, produzindo bens e serviços ambientais que beneficiem a população local, o Brasil e o mundo. A exploração insustentável da floresta é um sintoma de sistema econômico de baixa produtividade, à margem da lei e com perspectivas limitadas a curto prazo”, disse. “Queremos extirpar a mineração ilegal, o desflorestamento e desmatamento ilegais”, ressaltou.

reunião anual do BID acontece de 17 a 21 de março, de maneira virtual, a partir de Barranquilla, na Colômbia.

Iniciativas brasileiras

Durante os discursos, Bolsonaro e Guedes falaram sobre as iniciativas do Brasil para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, que, segundo Guedes faz parte de um esforço mais amplo de aumento de produtividade, melhoria de infraestrutura e do ambiente de negócios, de desburocratização, transformação e modernização do Estado brasileiro.

Para atrair investimentos privados, o ministro falou sobre a inclusão de seis projetos de concessão florestal, além de dois parques nacionais na carteira do Programa de Parcerias de Investimento (PPI). “O aproveitamento sustentável dos recursos florestais, seja para produção de madeira, seja para o turismo, gera renda e emprego para as comunidades locais e traz novos aliados para o combate ao desmatamento ilegal”, disse.

Além disso, Guedes citou o processo de regularização fundiária e destinação de terras da União, a aprovação do novo marco do saneamento básico e a política nacional para pagamento por serviços ambientais. “Essa política permite a remuneração de iniciativas individuais e coletivas que favorecem a manutenção e recuperação, além da melhoria dos serviços ecossistêmicos; estimula a conservação dos ecossistemas, dos recursos hídrico, do solo, da biodiversidade, do patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado a essas atividades”, explicou.

O presidente Bolsonaro também falou sobre as ações de combate ao desmatamento na região amazônica e sobre os programas Floresta+ e Adote um Parque. Além disso, destacou a ratificação do Brasil ao Protocolo de Nagoia à Convenção de Diversidade Biológica. “Com isso, esperamos estimular a repartição dos benefícios provenientes da utilização econômica da nossa biodiversidade”, disse.

Bolsonaro também demonstrou otimismo pela interação entre o novo fundo do BID e a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). “A OTCA detém conhecimento acumulado por décadas sobre a região, além de ser integrada exclusivamente por países amazônicos e de estar firmemente comprometida com o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental”, explicou.

Agência Brasil

Leilão do 5G brasileiro acontecerá até julho

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Foto: Shiwa ID/Unsplash

Em entrevista ao programa A Voz do Brasil, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que o leilão do 5G no país deverá ocorrer até o meio do ano. “O leilão já saiu da Anatel e está indo para o Tribunal de Contas da União. Em junho ou julho, no máximo, estaremos realizando o leilão do 5G no Brasil”, afirmou.

”Teremos o 5G standalone – de maior qualidade – funcionando em todas as capitais brasileiras até junho de 2022. Antes disso, a solução híbrida – non-standalone [estará disponível]”, declarou Fábio Faria.

O ministro explicou que a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) estará amplamente disponível apenas em 2022, o que possibilitará procedimentos médicos delicados à distância, sistemas de direção automática de carros e demais tecnologias de automação e inteligência artificial que necessitam de baixa latência (velocidade entre a transmissão e a recepção de informações) na internet brasileira.

Democratização da internet

Segundo a avaliação do ministro, o decreto que transformou as telecomunicações em serviços essenciais foi crucial durante o período de pandemia – período em que o uso da internet para trabalho, aprendizado e contato social apresentou alta significativa. Com o objetivo de aumentar o alcance e o uso da internet por populações de regiões isoladas e de baixo índice socioeconômico, o ministério criou metas para levar conectividade para todas as cidades com população acima de 600 habitantes.

“São 16 mil localidades que receberão internet 4G até 2028. O plano Norte Conectado para a Região Norte – que tem menos acesso à internet – deve atender 10 milhões de pessoas, quase 25% do gap [buraco] que temos no serviço de internet no Brasil”, explicou.

Vacinas

Em viagem de intercâmbio para observar implementações já executadas do 5G, o ministro afirmou que aproveitou a oportunidade para conhecer fábricas e iniciativas de produção de vacinas contra covid-19, além de articular a aceleração, entrega e troca de tecnologias dos imunizantes produzidos na Europa e na Ásia. 

Wi-Fi Brasil

Segundo informou Faria, o chamado “deserto digital brasileiro” está sendo extinto aos poucos. “Conseguimos levar 13.600 pontos de internet para escolas rurais, que estavam sem condições de operar e hoje contam com internet. Postos de saúde, zonas rurais [também estão sendo atendidos]. Até termos uma internet de alta qualidade, usamos o programa Wi-Fi Brasil para reduzir o tamanho dos desertos digitais – o que tem sido bastante proveitoso.”

Desestatização dos Correios

Sobre o Projeto de Lei (PL) dos Correios, Fábio Faria afirmou que segue o ministério segue a agenda liberal do governo, e que a palavra final sobre as parcerias e desestatizações será do Congresso Nacional. “Não definimos regras, apenas princípios [sobre o PL dos Correios]. Quem é soberano para tratar o tema é o Congresso. A consultoria nos dará assistência em relação ao tema e, como ministro, meu papel é participar das reuniões, tirar dúvidas. A palavra final é do Congresso”, argumentou.

Sobre funcionários, fornecedores e equipes que trabalham nas empresas, Faria afirmou que haverá um cuidado especial do governo ao lidar com o tema, e que todos as partes poderão ser ouvidas no processo. “Assusta muito quando falamos em modelo de privatização. Estamos estudando o mundo inteiro, o que tem acontecido com as privatizações. A maioria delas não tem corte de funcionários, pelo contrário, tem aumento de produção. Tem eficiência maior, se expandem. Iremos conversar com todos, todos irão participar nas negociações, assim como fornecedores e terceirizados”, concluiu.

Agência Brasil

Máquinas, computadores e celulares têm tarifas reduzidas em 10%

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Foto: Tron Le/Unsplash

A partir da próxima semana, bens de capital e equipamentos de informática e telecomunicações comprados no exterior pagarão 10% a menos de Imposto de Importação para entrarem no país. A medida foi aprovada hoje (17) em reunião do Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Camex).

Os bens de capital são máquinas e equipamentos usados na produção. Em nota, o Ministério da Economia informou que a medida vai reduzir custos e aumentar a competitividade de diversos setores da economia e beneficiar os consumidores, que pagarão menos para comprar itens como computadores e celulares. Por causa da desvalorização do real no último ano, esses produtos tiveram alta considerável de preços no país.

Ao todo 1.495 produtos, incluídos os subtipos, tiveram a alíquota de importação reduzida. Por envolver bens de capital e bens de informática e de telecomunicações, a medida não dependeu de negociação com os demais parceiros do Mercosul. Como a mudança ocorreu num imposto regulatório (usado para regular a economia), o governo não precisa elevar outros impostos ou cortar gastos para compensar a perda de arrecadação, como determina a Lei de Responsabilidade Fiscal para os demais tipos de tributos.

Atualmente, as tarifas de importação desses produtos variam de zero a 16% para as mercadorias que pagam a tarifa externa comum (TEC) do Mercosul. Com a redução, uma máquina que paga 10% de imposto para entrar no país pagará 9%. Um eletrônico tarifado em 16% passará a ser tarifado em 14,4%. Os itens tarifados em 2% terão redução maior e terão a alíquota zerada. Segundo o Ministério da Economia, a medida diminui a burocracia e facilita a vida dos importadores e dos consumidores.

O Ministério da Economia detalhou algumas reduções. Os celulares e computadores do tipo laptop terão o Imposto de Importação reduzido de 16% para 14,4%. No caso de equipamentos médicos de raio-X e microscópios ópticos, a alíquota passará de 14% para 12,6%. Outros produtos beneficiados pela medida são máquinas para panificação e fabricação de cerveja e bens de capital relacionados à construção civil, como guindastes, escavadeiras, empilhadeiras, locomotivas e contêineres, entre outros itens.

As alíquotas reduzidas entrarão em vigor sete dias depois da publicação da resolução da Camex. Segundo o Ministério da Economia, o texto deve ser publicado oficialmente amanhã (18) no Diário Oficial da União.

Bicicletas

Em outra decisão, a Camex revogou a resolução que reduzia o Imposto de Importação de bicicletas. Anunciada no mês passado pelo presidente Jair Bolsonaro, a medida reduzia progressivamente, de 35% para 20%, a tarifa sobre as bicicletas importadas e vinha sendo criticada pelos fabricantes brasileiros, principalmente da Zona Franca de Manaus.

Agência Brasil

Pré-sal atinge recorde de 73% da produção nacional de petróleo e gás

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Foto: Shaah Shahidh/Unsplash

A participação do pré-sal na produção nacional de petróleo e gás natural atingiu em fevereiro o patamar recorde de 73,14%, segundo divulgou hoje (17) a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

De acordo com a agência reguladora, foram produzidos no pré-sal no mês passado 2,6 milhões de barris de óleo equivalente por dia, medida que considera tanto a produção de petróleo quanto a de gás. Já a produção total brasileira foi de 3,55 milhões de barris por dia.  

Segundo a ANP, somente o Campo de Tupi, o maior produtor nacional, respondeu por 32,8% da produção brasileira, com 1,2 milhão de barris de óleo equivalente por dia.

Já o Campo de Búzios, o maior da Cessão Onerosa, correspondeu a 19% da produção nacional, com 673 mil barris de óleo equivalente por dia.

AB

Ministério mantém previsão de crescimento da economia em 3,2% este ano

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Foto: Adrienguh/Unsplash

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia manteve a projeção para o crescimento da economia este ano e elevou a estimativa para a inflação, por influência da alta nos preços dos alimentos. As projeções estão no Boletim MacroFiscal divulgado hoje (17).

A estimativa para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) foi mantida em 3,2%, em relação ao boletim divulgado em novembro do ano passado. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. “As incertezas são elevadas com os desafios de enfrentamento à pandemia, mas deve-se considerar os indicadores no primeiro bimestre que apontam continuidade da recuperação da atividade econômica”, informou a SPE. “Contudo, o desempenho da economia no mês de março ainda é incerto, devido a novos fatores que estão surgindo em decorrência da pandemia, como a maior rigidez das regras de distanciamento, e afetam a atividade econômica”, acrescentou.

De acordo com o boletim os indicadores de confiança refletem melhoras das expectativas de empresários e consumidores, com o indicador do comércio em alta de 0,2% em fevereiro de 2021, ante o mês anterior, com ajuste sazonal, e a confiança do consumidor aumentando em 2,9%. Na projeção para o primeiro bimestre de 2021, espera-se que a indústria, agropecuária e serviços sejam os principais motores para a retomada. Já no comércio, nota-se o segundo arrefecimento seguido no varejo restrito, com recuo de 0,2% em janeiro de 2021 ante o mês anterior, com ajuste sazonal.

Para o Ministério da Economia, o caminho para o maior crescimento econômico passa pela continuidade da agenda de reformas estruturais e políticas de consolidação fiscal. “Dessa forma, a vacinação em massa vai garantir o retorno mais rápido do mercado de trabalho via redução das medidas restritivas de combate à pandemia; a consolidação fiscal vai manter um ambiente econômico propício ao investimento privado, à estabilidade da inflação e ao risco-país menor; e reformas pró-mercado vão dinamizar o crescimento de longo prazo da economia brasileira”, diz o boletim.

Para os próximos anos, de 2022 a 2025, a estimativa de crescimento do PIB se manteve em 2,5%. “A manutenção das projeções se deveu, principalmente, à recuperação econômica do segundo semestre de 2020, com bons resultados da indústria e do comércio e, no último trimestre, do setor de serviços. Para o primeiro trimestre deste ano, ainda se espera retração de 0,7% na margem com ajuste sazonal, com crescimento positivo nos demais trimestres. Essa projeção negativa no começo do ano advém das novas necessidades de isolamento social em diversas regiões do país”, explicou a SPE.

Inflação

A projeção de inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2020 é de 4,4%. “O principal responsável pela elevação da projeção foi o preço dos alimentos. Todavia, as expectativas a partir de 2022 apontam convergência da inflação para o centro da meta”, diz o boletim.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) deverá encerrar este ano com variação de 4,27%. A projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que inclui também o setor atacadista e o custo da construção civil, além do consumidor final, é de 5,06%.

“Conforme Ata do Comitê de Política Monetária – Copom [do Banco Central], referente à 236ª Reunião, publicada em janeiro de 2021, a recente elevação no preço de commodities internacionais e seus reflexos sobre os preços de alimentos e combustíveis implicam elevação das projeções de inflação para meses à frente. Todavia, apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o comitê manteve o diagnóstico de que os choques atuais são temporários, ainda que tenham se revelado mais persistentes do que o esperado”, explicou a SPE.

Para 2021, a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,75%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,25% e o superior é 5,25%. Para 2022, a meta é 3,5%, também com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Perspectivas

O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, explicou a importância da vacinação em massa. “Em crises passadas, o normal é o desemprego ocorrer no setor formal da economia e o setor informal agir como um colchão. Nessa crise foi diferente, o grosso do desemprego veio do setor informal. Isso é importante porque o setor informal é mais dinâmico, então, tão logo consigamos vacinar a população brasileira, nós teremos a redução das medidas de distanciamento social e o setor de serviços, o setor informal, vai ter um grande dinamismo”, disse.

Além disso, segundo Sachsida, as políticas do governo de manutenção do emprego formal e de aumento de crédito para empresas limitaram a queda de produtividade e construíram uma base mais sólida para retomada econômica. “Além disso, a agenda legislativa de consolidação fiscal e pró-mercado está avançando mesmo durante a pandemia. Estamos lançando a base para o crescimento sustentável de longo prazo”, disse.

Agência Brasil