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O atual sistema de patentes prejudica a inovação que pretendia incentivar

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Foto: Unsplash

Comprei um par de pantufas para minha mãe nesta semana. Uma etiqueta na sola interna incomodava. Li antes de jogar fora: “US patent nº 9.212.440” ao lado de três desenhos com setas que indicavam a área externa, o interior e a sola da pantufa. 

Curioso, verifiquei na internet do que tratava a patente improvável. Pareceu-me apenas um “método” para orientar a lã na sola interna, mas o órgão oficial de patentes americano se convenceu da originalidade da invenção.

Ou seja: todos os demais fabricantes estão, por lei, proibidos de fazer pantufas semelhantes.

No mundo atual, em contraste com algumas décadas atrás, quase tudo é patenteável. Há alguns anos, a Apple travou uma guerra judicial contra Samsung, Google e o sistema Android e outros fabricantes de celular. Uma das disputas se referiu à violação da patente de “deslizar para destravar” o celular. Outra disputa tinha por base o uso de “ícones de apps com bordas arredondadas”.

A Apple, aliás, conseguiu registrar a patente de desenho nº D670.286, que protege qualquer aparelho retangular com bordas arredondadas (tablets, por exemplo).

No setor de tecnologia, há um emaranhado de disputas judiciais no qual advogados ganham, mas consumidores perdem. Custos legais já representam 12% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, uma espécie de imposto sobre a inovação. O sistema de patentes atual parece estar prejudicando o que pretendia originariamente incentivar: a inovação.

Propriedade, não. Monopólio protegido pelo estado

Quando Bill Gates e Steve Jobs começaram a empreender em suas garagens, não ligavam para patentes. Aproveitavam código e ideias de terceiros e compartilhavam as suas. Se tivessem que pagar royalties ou fossem impedidos de usar códigos de terceiros, não teríamos hoje boa parte do que temos.

A justificativa original do sistema de patentes era incentivar a criação violando o menos possível a liberdade de uso das ideias disponíveis na sociedade. Seria uma espécie de mal necessário para incentivar a criação. Estabeleceu-se um monopólio legal por 15 a 20 anos ao primeiro que registrar a invenção junto ao governo.

E esta é a palavra-chave: trata-se de um monopólio protegido pelo estado.

Não existe ‘propriedade intelectual’; o que há são monopólios intelectuais. Ideias, imagens, fórmulas, sons, combinações de letras em uma página e criações não são bens escassos: são coisas que podem ser reproduzidas indefinidamente. Por esta razão, elas não podem ser consideradas posses. Logo, uma “propriedade intelectual” nada mais é do que a criação de uma escassez artificial pelo uso da força estatal.

Isto, vale ressaltar, é uma medida contra a propriedade real, e não em defesa da propriedade. Afinal, se você não pode usar sua propriedade para simplesmente duplicar uma ideia minha, isso significa que eu, o dono da propriedade intelectual, expropriei de você a sua “real” propriedade.

Ademais, assim como qualquer monopólio, em vez de criarem incentivos à inovação, os monopólios intelectuais acabam desestimulando-a, pois restringem a concorrência: o monopolista fica acomodado com o privilégio (muito longo, por sinal), e os concorrentes ficam desestimulados a investir em áreas já protegidas, com medo de represálias administrativas e judiciais.

Além disso, há uma série de consequências não-intencionais, como a paralisação do brainstorming criativo e a distorção na alocação dos gastos empresariais.

Argumentos contrários aos monopólios intelectuais, especialmente nos dias atuais, quando vivemos a era da internet, existem aos montes e são absolutamente irrefutáveis, tanto do ponto de vista teórico quanto do ponto de vista empírico. Existem, por exemplo, estudos de caso demonstrando que setores sem imposição de “Propriedade Intelectual” são muito mais inovadores e criativos do que setores cuja execução do PI é enorme. O mercado da moda, como bem explicado por Johanna Blakley em palestra disponível no TED, é um grande exemplo.

No ramo da moda, as cópias surgem literalmente da noite pro dia. E, no entanto, trata-se de uma das indústrias mais lucrativas do mundo. Não há absolutamente nenhum tipo de direito autoral ou de patente. A pirataria corre solta e ainda assim a indústria está cada vez mais forte. A cada ano surgem novas grifes, mas o consumo de roupas de uma marca específica só aumenta (exceto em épocas de crise econômica, obviamente).

Você pode comprar cópias de roupas e bolsas de enorme qualidade, e ainda assim as marcas originais continuam ganhando fábulas de dinheiro. Os grandes nomes da sua indústria continuam inacabados, e todas as suas obras são copiadas livremente. 

O mesmo vale para a indústria de cosméticos e de perfumes. Estas também só se expandem. Embora as cópias existam em profusão, os investimentos em linhas caras de perfumes segue inabalado.

Pela lógica, por não ter monopólio intelectual, a indústria da moda não teria nenhum incentivo para ser criativa e investir. Consequentemente, já deveria estar morta há muito tempo. Não haveria mais grifes, e ninguém mais frequentaria shoppings para comprar roupas de uma marca específica.

Covid-19 e quebra de patentes: piorando o ruim

O custo de um monopólio por lei é conhecido: menos produção e preço maior, simultaneamente. Por isso, no caso de doenças e saúde pública, há uma consequência moral bastante óbvia, que é o aumento de mortes.

Pensando dessa forma, governos de mais de 60 países já concordaram em quebrar a patente das vacinas de Covid-19.

Eis um perfeito exemplo de como piorar o que já é péssimo: adicione à pandemia uma quebra de contratos.

Na prática, esses governos populistas querem ter tudo ao mesmo tempo: violar contratos, mas seguir incentivando inovação futura.

Monopólios intelectuais são ruins e devem ser revogados, mas não subitamente. Se algo estava no contrato, este algo não deve ser subitamente rompido, mas sim renegociado na próxima renovação de um contrato.

Assim como governos não deveriam quebrar regras retroativamente, a ideia de que a quebra de patentes surtirá efeito imediato (que é o que se deseja) não procede, até porque a batalha legal será custosa e longa. Ademais, vacinas não são como máscaras, com um processo industrial simples.

Não parece haver uma combinação de equipamentos, matérias-primas e capacidade técnica disponíveis para acelerar a produção. Adicionalmente, os principais fabricantes têm vendido a vacina a preços de custo para países mais pobres, o que retira o incentivo a produzir, mesmo sem royalties.

No entanto, o problema central do sistema é que não existem estudos que comprovem que não teríamos os medicamentos e vacinas atuais sem as patentes (caso da Suíça, cujas farmacêuticas só conseguiram impor patentes a partir do ano 1977). Com efeito, como mostraram os autores Michele Boldrin e David Levine em seu livro Against Intellectual Monopoly, segundo uma pesquisa do British Medical Journal em 2006, apenas 2 dos 15 maiores avanços da medicina foram resultado de patentes.

Para concluir

Nesta era de economia exponencial, as patentes se tornaram inibidoras da inovação. O setor de moda é o mais inovador, a despeito de não ser protegido por patentes.

É preciso ser mais rápido e melhor que o competidor, sempre se reinventando. A patente joga a rivalidade para uma corrida pelo registro e aos tribunais do tapetão.

É preciso aproveitar a onda e reformar o sistema.

“A dádiva do conhecimento,” — escreveu Hayek em 1966 — “que tanto custou para ser conseguida por aqueles que estão na vanguarda, permite aos seguidores alcançar o mesmo nível de conhecimento a um custo muito menor”.

E prossegue:

A expansão do conhecimento é de crucial importância porque, embora os recursos materiais irão para sempre permanecer escassos e terão de ser reservados para propósitos limitados, o uso de novos conhecimentos (em que não os tornamos artificialmente escassos por meio de patentes que concedem monopólios) é irrestrito.

O conhecimento, uma vez alcançado, se torna gratuitamente disponível para o benefício de todos. É por meio desta dádiva gratuita do conhecimento adquirido pelos experimentos de alguns membros da sociedade que o progresso generalizado se torna possível; que as conquistas daqueles que estiveram na vanguarda facilitam o avanço daqueles que vêm depois.

De certa forma, estamos de volta àquela outra observação feita por Hayek, ainda em 1945, em seu artigo O uso do conhecimento na sociedade. O conhecimento é descentralizado. O livre mercado cria incentivos para que aquelas pessoas que possuem informação especializada possam colocar esse conhecimento para usos lucrativos.

E, ao fazerem isso, todo o resto do mundo é gratuitamente beneficiado. A riqueza se espalha e se torna mais igual. Desde que não haja monopólios protegidos pelo estado, principalmente sobre ideias.

Helio Beltrão – presidente do Instituto Mises Brasil.

Fonte: Mises Brasil

Infraestrutura prevê R$ 260 bi em investimento privado até fim de 2022

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Foto: Marten Bjork/Unsplash

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse hoje (14) que as concessões de ativos públicos à iniciativa privada deverão render ao país cerca de R$ 260 bilhões em investimentos em infraestrutura até o final de 2022. De acordo com Freitas, o montante é aproximadamente 40 vezes o orçamento do ministério. 

“Nós teremos alguns leilões de grande porte ainda no ano de 2021 e vamos fazer leilões importantes em 2022, e R$ 260 bilhões significam 40 vezes o orçamento disponível no Ministério da Infraestrutura. Então, não dá para comparar. Nós não temos outro caminho para alavancar a infraestrutura”, destacou no Abdib Fórum 2021, evento virtual da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). 

Segundo o ministro, os impactos econômicos desse processo não serão imediatos, mas farão do país “um grande canteiro de obras” dentro de alguns anos. “A repercussão econômica demora um pouquinho para vir, porque a gente está falando de contrato de concessão, que tem uma fase inicial de serviços, é o tempo de elaboração de projeto, obtenção de licença, sobretudo obtenção de funding [captação de recursos] no mercado”, disse. 

“Mas a gente pode projetar que em 2024, 2025 e 2026, o Brasil vai se tornar um grande canteiro de obras”, reforçou.

Entre os projetos citados pelo ministro Tarcísio de Freitas que deverão ocorrer até lá, destacam-se a concessão do Porto de Santos, do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Agência Brasil

Sete em cada dez empreendedores fizeram vendas online na pandemia

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Foto: Claudio Schwarz/Unsplash

Sete em cada dez micro, pequenas ou médias empresas (73,4%) do país estão fazendo vendas online durante a pandemia do novo coronavírus. Isso é o que revelou uma pesquisa feita pela Serasa Experian com 508 empreendedores, realizada no mês de fevereiro.

Desse total, 83,1% pretendem manter a realização dos negócios pela internet mesmo quando a pandemia acabar.

Dentre os canais mais utilizados para as vendas estão as redes sociais, principalmente o WhatsApp (72%).

Na pesquisa, os entrevistados revelaram ainda que a venda online ajudou a atingir públicos diferentes (51% das respostas mencionaram isso), criou mais exposição para o seu negócio (44,8%) e permitiu atingir novas regiões (34,5%).

A pesquisa também mostrou que 24,8% dos empreendedores têm buscado empréstimos e financiamentos para manter seus negócios. Dentre as empresas que mais requisitaram empréstimos ou financiamentos estão as do setor de comércio (38,1%).

Agência Brasil

Eletrobras tem lucro líquido de R$ 1,6 bilhão no primeiro trimestre

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Foto: Fré Sonneveld/Unsplash

A Eletrobras registrou um lucro líquido de R$ 1,6 bilhão nos três primeiros meses do ano, resultado 31% superior ao do mesmo período do ano passado. O resultado foi divulgado na noite de ontem (12), no Rio de Janeiro, pela assessoria de imprensa da estatal.

Os lucros antes dos juros, impostos, depreciação e amortização, chamados de Ebitda, subiram 11% em relação ao primeiro trimestre de 2020, atingindo R$ 3,8 bilhões.

Segundo a Eletrobras, o resultado foi positivamente impactado pela revisão tarifária periódica, a partir de junho de 2020. As provisões para contingências, no valor de R$ 932 milhões, prejudicaram o resultado final.

A Eletrobras informou, ainda, que continua buscando a “racionalização da carteira de participações societárias”. No primeiro trimestre, a empresa tinha participações em 83 sociedades de propósito específico (SPEs) e tem a meta de chegar a 49 até o fim do ano.

Os investimentos em geração no primeiro trimestre totalizaram R$ 273 milhões, dos quais R$ 133 milhões foram destinados a Angra 3. Em transmissão, a companhia investiu R$ 142 milhões, sendo a maior parte, R$ 96 milhões, destinada a reforço e melhorias.

Agência Brasil

Atividade econômica cresce 2,3% no primeiro trimestre, diz BC

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Foto: Sangga Rima/Unsplash

A atividade econômica no país registrou crescimento de 2,3%, no primeiro trimestre deste ano, conforme apurou o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado hoje (13).

A comparação é com os últimos três meses de 2020 e os dados são da série dessazonalizada (ajustado para o período).

Segundo o Banco Central (BC), na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a expansão ficou em 2,27% (dados sem ajustes).

Recuo em março

Em março, o IBC-Br recuou 1,59% na comparação com o mês de fevereiro de 2021. O índice ficou em 140,16 pontos em março, ante 142,43 pontos registrados no mês precedente. A retração se dá após um período de dez altas seguidas.

Os dados do BC mostram que, na comparação com o mesmo período do ano anterior, sem o ajuste, o índice registrou variação positiva de 6,26%.

Em relação ao primeiro trimestre de 2020, o IBC-Br registrou alta de 2,27%. Já no acumulado de 12 meses, o indicador, por sua vez, apresentou queda de 3,37%, sem o ajuste.

Evolução da atividade econômica

O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira a cada mês e ajuda o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, definida atualmente em 3,5% ao ano. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia – a indústria, o comércio e os serviços e a agropecuária –, além do volume de impostos.

Entretanto, o indicador oficial é o Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e serviços produzidos no país, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2020, o PIB do Brasil caiu 4,1%, totalizando R$ 7,4 trilhões. Foi a maior queda anual da série do IBGE, iniciada em 1996 e que interrompeu o crescimento de três anos seguidos, de 2017 a 2019, quando o PIB acumulou alta de 4,6%.

Agência Brasil

Brasil adere a projeto que liga América do Sul e Ásia por fibra óptica

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Foto: Umberto/Unsplash

O governo brasileiro aderiu hoje (13) ao projeto chileno de instalar um cabo subaquático transoceânico que permita interligar o continente sul-americano à Ásia e à Oceania por meio de fibras ópticas.

Apelidado de Projeto Humboldt, a iniciativa está a cargo de uma empresa estatal chilena, Desarrollo País (ex-Fondo de Infraestructura), que encabeçará uma aliança entre países e empresas privadas de tecnologia e telecomunicações interessadas.

Segundo a estatal chilena, o cabo com sistema de fibras ópticas e 14.810 quilômetros de extensão interligará, fisicamente, Valparaíso à cidade de Sydney, na Austrália, passando por Auckland, na Nova Zelândia.

Segundo o embaixador chileno, Fernando Schmidt, a proposta é aproveitar a conexão com outros cabos de fibra óptica que já cruzam o território chileno para tornar seu país um hub digital para toda a América Latina, ou seja, uma porta de entrada para conectar toda a região à Ásia e à Oceania.

“[Com isso] O Chile se converte em um país-plataforma, vocação natural dada nossa ligação com o Oceano Pacífico. E que se conjuga com nosso espírito de integração regional”, disse Schmidt ao participar, esta manhã, de um seminário virtual que reuniu autoridades brasileiras e chilenas para discutir a iniciativa.

De acordo com a estatal Desarrollo País, o Humboldt gerará benefícios sociais e econômicos para toda a região, melhorando e acelerando a transmissão de dados entre a América Latina e a Ásia, continente de grande importância econômica.

Ainda conforme a empresa, a rota por onde passará o cabo subaquático foi definida com base em estudos de rentabilidade que levaram em conta as estimativas de aumento de tráfego de dados para os próximos 20 anos, sobretudo com a tecnologia 5G

Para o embaixador brasileiro no Chile, Paulo Roberto Soares Pacheco, a primeira rota digital subaquática transoceânica de fibras ópticas a ligar os continentes reduzirá o tempo de propagação de informações, tornando as comunicações digitais mais seguras.

Além do Brasil, Argentina, Austrália e Nova Zelândia já manifestaram interesse em participar do projeto. Atualmente, Argentina, Brasil e Chile respondem por 80% do tráfego de internet na América do Sul.

Em nota, o Itamaraty (foto) acrescentou que, ao aderir à iniciativa, o Brasil completará a conexão por fibra ótica com os países vizinhos, “consolidando a infraestrutura digital regional”. “Nos próximos meses, equipes técnicas dos países envolvidos aprofundarão as discussões sobre as modalidades financeiras e técnicas da participação do Brasil neste projeto de longo prazo. O volume total de investimentos do projeto foi orçado em cerca de US$ 400 milhões, e o prazo da concessão público-privada que deverá operá-lo foi estimado em 25 anos”, informou o Itamaraty.

Agência Brasil

Confiança da indústria aumenta 4,8 pontos em maio

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Foto: Sten Rademaker/Unsplash

Após quatro quedas consecutivas, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), subiu 4,8 pontos em maio, na comparação com abril, e atingiu 58,5 pontos, em uma escala que vai de 0 a 100 pontos, tendo, na marca dos 50 pontos, a linha de corte entre confiança e falta de confiança por parte do empresário brasileiro.

De acordo com a CNI, “esse crescimento reverte parte da queda ocorrida entre janeiro e abril deste ano de 9,4 pontos”. Na comparação com maio de 2020, mês em que as indústrias foram obrigadas a paralisar suas atividades devido à pandemia, o Icei registra alta de 23,8 pontos.

Segundo o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a confiança do empresário voltou a se afastar da linha divisória de 50 pontos, o que demonstra melhora da percepção do empresário em relação às atuais condições do país. “É importante notar que, neste ano, o índice sempre esteve acima dos 50 pontos, o que significa que, em nenhum momento, o empresário deixou de ter confiança. Mas, agora em maio, percebemos que ela está mais forte e disseminada”, avalia Azevedo.

O levantamento aponta que “todos os componentes do índice de confiança da indústria tiveram forte avanço no mês de maio de 2021”, com destaque para o Índice de Condições Atuais, que cresceu 5,3 pontos, chegando a 50,2 pontos, ultrapassando a linha divisória de 50 pontos.

Já o Índice de Expectativas cresceu 4,5 pontos, ficando em 62,6 pontos, bem acima da linha divisória de 50 pontos. De acordo com a CNI, o resultado indica “otimismo em relação aos próximos seis meses”.

Agência Brasil

Caixa registra alta de 50,3% em lucro líquido no 1º trimestre de 2021

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O lucro líquido da Caixa Econômica Federal no primeiro trimestre de 2021 foi de R$ 4,6 bilhões, alta de 50,3% em relação ao mesmo período do ano passado, informou o banco público na manhã de hoje (12).

Ao comentar o balanço do primeiro trimestre em videoconferência, algumas horas após a divulgação, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, comemorou o resultado “muito sólido” e “recorde de todos os tempos”.

Entre os maiores destaques dos três primeiros meses deste ano, a Caixa teve uma receita de R$ 9 bilhões com operações de crédito imobiliário, um aumento de 10,5% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Esse tipo de operação é responsável por 52,3% de toda a receita com operações de crédito do banco.

A Caixa registrou, no primeiro trimestre deste ano, um saldo de R$ 518,4 bilhões em crédito imobiliário, com 5,7 milhões de contratos e 68,2% de participação no mercado. Entre o início de janeiro e o fim de março, o banco fechou 134,8 mil novos contratos de financiamento imobiliário. Nesse ponto, o destaque foi a alta de 103,1% em um ano nos contratos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), cuja carteira chegou a R$ 16,2 bilhões.

A carteira total de crédito ampliado da Caixa atingiu R$ 799,6 bilhões. Em relação às receitas, o banco registrou alta também em operações com o agronegócio (23,8%) e em créditos comerciais a pessoas jurídicas (6,3%).

As receitas com a prestação de serviços e tarifas no primeiro trimestre deste ano foram de R$ 5,7 bilhões, queda de 1,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. Nesse campo, as maiores reduções foram nas receitas com convênios e cobranças (25,1%), fundos de investimentos (7,2%) e conta corrente (7%). Por outro lado, as receitas com seguros subiram 376,3%.

“Já é um impacto do Pix, isso é um impacto real. E o impacto também que tivemos de algumas questões da volta do auxilio emergencial”, disse Guimarães sobre as causas da retração na receita com serviços e tarifas.

O banco destacou ainda que o retorno sobre patrimônio líquido, um indicador do nível de lucratividade, chegou a 16,33%, ante 15,18% registrados no último trimestre de 2020. O indicador, contudo, encontra-se abaixo do registrado nos três primeiros meses de 2020, quando era de 24%.

O balanço da Caixa mostra ainda que o banco reservou R$ 2,54 bilhões em provisões para devedores duvidosos. Essa reserva serve para cobrir possíveis inadimplências. O valor é 3,4% menor do que o provisionado no trimestre anterior, mas 26,5% maior do que o registrado nos três primeiros meses do ano passado.

O provisionamento total do banco, que inclui outros riscos calculados, chega a R$ 34 bilhões, segundo o presidente da Caixa. “Mantemos provisionamentos elevados, é consequência sim da volta da segunda onda da pandemia”, disse Guimarães.

O nível de inadimplência do banco, que aponta dívidas não pagas há mais de 90 dias, ficou em 2,04% no primeiro trimestre de 2021, abaixo dos 3,14% registrados no mesmo período do ano passado, mas acima dos 1,73% no trimestre imediatamente anterior. Guimarães disse que o índice deve voltar a subir por ao menos mais seis meses, refletindo o retorno das cobranças em créditos que foram pausadas durante a pandemia.

De todo o balanço, o presidente da Caixa deu maior destaque ao aumento no crédito para micro e pequenas empresas (MPEs), cuja carteira atingiu R$ 49 bilhões no primeiro trimestre deste ano, alta de 125,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O banco possui cerca de 300 mil contratos com MPEs, e ” 70% delas não eram clientes da Caixa”, disse Guimarães. “No momento mais sensível para essas empresas nós estivemos juntos, ganhamos esses clientes, e isso reforça o papel social e matemático da Caixa”, acrescentou ele.

As Loterias Caixa, por sua vez, arrecadaram R$ 3,8 bilhões no primeiro trimestre de 2021. Desse valor, cerca de R$ 1,9 bilhão foram transferidos a programas sociais do governo, em áreas como seguridade social, esporte, cultura, segurança pública, educação e saúde.

Outros destaques do balanço são:

– Margem financeira de R$ 11 bilhões, maior em 4,1% sobre o último trimestre do ano passado e 6,8% sobre o três primeiros meses de 2020.

– Saldo em poupança de R$ 368,5 bilhões, evolução de 14,8% em 12 meses.

– Contratação de R$ 12,9 bilhões em crédito consignado, maior valor para o primeiro trimestre em 10 anos.

– A carteira de crédito ampliada encerrou o primeiro trimestre com saldo de R$ 799,6 bilhões, crescimento de 14,3% em relação ao mesmo período de 2020, com participação de mercado de 19,3%.

– Operações de crédito para antecipação do Saque Aniversário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) resultou na contratação de R$ 1,8 bilhão, distribuídos em 993,7 mil pagamentos.

– Despesas administrativas de R$ 2,633 bilhões, queda de 25,1% em relação ao quarto trimestre do ano passado e de 1,1% em relação ao primeiro trimestre de 2020.

– Na comparação com o trimestre anterior, houve queda de 17,1% na despesa com pessoal, que no primeiro trimestre deste ano ficou em R$ 5,412 bilhões. A cifra representa um aumento de 3,5% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.

Agência Brasil

IBGE prevê safra recorde de 264,5 milhões de toneladas para 2021

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Foto: Javad Esmaeili/Unsplash

A safra brasileira de grãos, cereais e leguminosas deve atingir o recorde de 264,5 milhões de toneladas em 2021. Com isso, a produção deve superar em 4,1% a de 2020, que somou 254,1 milhões de toneladas.

Os dados constam da estimativa de abril do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, divulgada hoje (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar do recorde, a projeção de abril para a safra de 2021 é 0,2% menor do que a feita em março, o que representa 409,9 mil toneladas a menos.

“É a primeira vez que temos queda na estimativa mensal neste ano. Isso ocorreu porque há três safras no Brasil e houve atraso no plantio da primeira safra, conhecida como safra verão ou ‘das águas’. Isso atrasou a colheita da soja e, consequentemente, o plantio da segunda safra”, disse, em nota, o gerente da pesquisa, Carlos Barradas.

De acordo com o pesquisador, na segunda safra ou a “safra das secas”, as chuvas são mais restritas. “Essa safra, consequentemente, foi plantada tardiamente. Há uma condição de insegurança climática maior e está faltando chuva. Então o que está caindo é a produção da segunda safra”, acrescentou Barradas.

O arroz, o milho e a soja são os três principais produtos do grupo de grãos, cereais e leguminosas e, somados, representam 92,9% da produção. Segundo o IBGE, outro recorde é esperado na safra da soja, que deve chegar a 131,9 milhões de toneladas, uma alta de 8,6%, ou 10,4 milhões de toneladas, na comparação com o ano anterior.

“Quase toda a produção da soja foi colhida na safra verão. Até faltou um pouco de chuva, mas a partir de dezembro as chuvas voltaram e houve uma boa produtividade”, afirmou Barradas.

Já a estimativa da produção do milho grão caiu 0,5% em relação à feita no mês anterior e deve chegar a 102,5 milhões de toneladas. Apesar dos aumentos de 5,6% na área plantada e de 5,9% na área a ser colhida, a safra deve ser 0,7% menor do que no ano anterior.

“Como a colheita da soja atrasou, consequentemente o plantio da segunda safra do milho também atrasou. É ela que está no campo agora e, como está faltando chuva, as estimativas estão caindo. Só no Paraná, em relação ao mês anterior, houve uma queda na estimativa de produção da segunda safra do milho de 8,6%, o que representa 1,2 milhão de toneladas”, explicou o pesquisador.

A estimativa de produção da batata-inglesa aumentou 5,7% em relação a março. Considerando as três safras, a produção deve chegar a 3,9 milhões de toneladas. “Há um aumento de 15,1% na primeira safra em relação ao ano anterior. É uma cultura que varia muito com o preço. Se o preço aumenta, os produtores plantam mais. Foi o que aconteceu na primeira safra, que teve uma boa produção.”

Segundo o levantamento, o café deve ter sua produção reduzida em 24,3% frente ao ano passado, chegando a 2,8 milhões de toneladas.

“No Brasil, há dois tipos de café. Um é o arábica, que representa 75% da safra, e o outro é o canephora ou conillon, que representa 25%. E há no cafeeiro do tipo arábico a bienalidade, ou seja, quando em um ano a produção é muito boa, no ano seguinte ela é menor, devido à exaustão das plantas. No ano passado, tivemos um recorde de produção de café arábica, então esse declínio é esperado, porque é próprio da fisiologia da planta”, informou o pesquisador.

A cana-de-açúcar teve sua produção estimada em 654,7 milhões de toneladas, uma redução de 2,1% em relação à estimativa de março. Já em comparação à produção de 2020, a queda é de 3,4%. Isso representa 23,2 milhões toneladas a menos.

“Regionalmente, as regiões Sul (11,7%), Sudeste (6%), Norte (1,3%) e Nordeste (4,1%) tiveram acréscimos em suas estimativas. A produção do Sul deve chegar a 81,6 milhões de toneladas, o que equivale a 30,9% do total do país e a do Sudeste, 27,3 milhões de toneladas (10,3% do total). O Nordeste deve produzir 23,5 milhões (8,9% do total) e o Norte, 11,1 milhões (4,2% do total). Já o Centro-Oeste deve produzir 120,9 milhões de toneladas em 2021 (45,7%), com a queda de 0,7% em sua estimativa”, informou o IBGE.

Segundo a pesquisa, entre as unidades da Federação, Mato Grosso lidera, com uma participação de 27,2% na produção total do país, seguido pelo Paraná (15,3%), Rio Grande do Sul (13,4%), por Goiás (9,8%), Mato Grosso do Sul (8,3%) e Minas Gerais (6,4%), que, somados, representaram 80,4% do total nacional.

Agência Brasil