Início Site Página 75

Cronograma das reformas está acertado

0
Foto: Marcello Casal Jr./AB

O cronograma da votação das reformas econômicas está acertado, disseram ontem (4) o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Os dois se reuniram no início da noite de ontem para discutirem o avanço no Congresso das propostas de interesse da equipe econômica.

“O governo está com tudo programado, já tem a receita de como combater os efeitos da pandemia. Mas estamos absolutamente sintonizados com o Ministério da Fazenda, com o governo federal, com a pauta das reformas”, disse Lira, em entrevista ao lado de Guedes na portaria do Ministério da Economia.

Segundo Lira, foi acertada a retomada dos trabalhos da comissão especial da reforma tributária. O Senado dará prioridade às propostas de emenda à Constituição (PECs) do Pacto Federativo, Emergencial e da Desvinculação dos Fundos Públicos.

A ida do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ao ministério também estava prevista. Ele, no entanto, atrasou a ida por causa da sessão do Senado. Em nota, a assessoria de Pacheco informou que ele conversará com Guedes assim que a sessão terminar.

Sobre uma eventual retomada do auxílio emergencial, Lira declarou, ao chegar à reunião, que o assunto só será discutido após a votação do orçamento de 2021 e da PEC emergencial.

Confiança

Segundo Guedes, o governo está mais confiante na aprovação das reformas após a eleição de Lira e de Pacheco. “Foi uma vitória expressiva, uma vitória importante, que nos deixa esperançosos e, na verdade, até confiante na retomada de agenda de reformas”, disse Guedes.

O ministro prometeu colaboração com o Congresso e reafirmou que cabe à política definir o avanço das reformas. “Quem comanda o andamento, o ritmo das reformas é a política. E a política que acelera, espera a hora, a oportunidade certa, e estamos seguros de que isso vai ser retomado agora. Nós vamos trabalhar juntos, estamos 100% à disposição do Congresso para trabalharmos juntos”, declarou.

Sobre as perspectivas para a economia, que ainda sente os efeitos da pandemia de covid-19, Guedes disse que a experiência do ano passado ensinou o governo a agir caso a crise volte a se agravar.

“Já temos o protocolo de enfrentamento da crise. Foi um ano difícil e o Brasil demonstrou capacidade de se ajustar no sentido de atacar os efeitos econômicos da crise. A economia voltou em ‘V’ [forte queda, seguida de forte recuperação]. Se a pandemia nos ameaçar, nós sabemos como reagir”, declarou o ministro.

Agência Brasil

Reforma tributária deve ser aprovada entre agosto e outubro

0
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou nesta quinta-feira (4) que a reforma tributária deve ser aprovada entre agosto e outubro deste ano. Na avaliação do congressista, a pauta “é uma prioridade para o país”.

Segundo Pacheco, a comissão mista criada no ano passado para discutir a reforma retomará as atividades. Os presidentes das duas Casas Legislativas ainda precisam definir se a proposta começa a tramitar pelo Senado ou pela Câmara dos Deputados.

“A comissão concluirá seu trabalho até o final de fevereiro, com a apresentação do parecer do deputado Aguinaldo Ribeiro [PP-PB], ouvindo os demais membros, que poderão sugerir acréscimos, supressões e críticas ao parecer. Na sequência, a reforma tributária se iniciará por uma das casas legislativas”, disse o senador. 

Pacheco reuniu-se na manhã de hoje com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o relator da comissão mista que analisa a reforma tributária, senador Roberto Rocha (PSDB-MA), e o deputado Aguinaldo Ribeiro.

“É um amadurecimento que vamos fazer com o presidente Arthur Lira. Temos uma previsão de que, em seis a oito meses, possamos ter concluído a reforma tributária tanto no Senado quanto na Câmara”, afirmou.

Lira disse que Câmara e Senado trabalharão juntos para que as reformas tenham discussões claras e transparentes. “Não vai haver briga por protagonismo entre Câmara e Senado com relação a essas reformas. Elas têm que andar constitucionalmente nas duas Casas. Pouco importará se começará em uma ou se findará em outra”, destacou.

Propostas

A comissão mista da reforma tributária discute duas propostas de emenda à Constituição: a PEC 45/2019 e a PEC 110/2019.

Segundo especialistas, as propostas são semelhantes em seus objetivos, mas diferentes no conteúdo – abrangência, prazos de transição e grau de autonomia de União, estados e municípios de fixarem alíquotas de impostos, taxas e contribuição.

Pacheco anunciou ainda que a Comissão Mista de Orçamento (CMO) deve ser instalada na próxima terça-feira (9), se houver acordo entre os líderes partidários de Câmara e Senado. 

Um impasse entre líderes de partidos na Câmara dos Deputados impediu a instalação do colegiado no ano passado.as duas Casas ainda precisam definir se a proposta começa a tramitar pelo Senado ou pela Câmara.

Agência Brasil

Faturamento da indústria sobe em dezembro, diz CNI

0
Foto: ThisisEngineering RAEng/Unsplash

Os Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que o faturamento da indústria de transformação subiu 1,6% em dezembro de 2020 na comparação com novembro. Mesmo com a pandemia do novo coronavírus (covid-19), as vendas reais encerraram o ano com alta de 0,8% em relação a 2019. 

A pesquisa, divulgada hoje (4), identificou ainda que o emprego aumentou 0,2% em dezembro em relação ao mês anterior, o quinto mês consecutivo com alta nas contratações no setor industrial.

De acordo com os dados, a utilização da capacidade instalada (UCI) da indústria alcançou 80,6% em dezembro, acima da média no ano de 2020, de 76,4%. Esse indicador trata do percentual de máquinas comprometidas na produção, o que, segundo a CNI, em dezembro, aponta para atividade bastante aquecida.

Para a entidade, o resultado aponta a continuidade da recuperação da indústria, que teve início logo após as fortes quedas de maio e abril e durou todo o segundo semestre do ano passado. De acordo com a CNI, entretanto, os dados não apontam para um setor sem problemas no pós-crise, mas mostram que a indústria conseguiu reagir à pandemia, ainda que a recuperação econômica não esteja consolidada.

O índice de horas trabalhadas na produção registrou alta de 2,5% em dezembro de 2020 na comparação com novembro. É a oitava alta consecutiva do índice, que acumula crescimento de 38% no período.

Rendimento do trabalhador

Por outro lado, a massa salarial paga pela indústria caiu 0,8% em dezembro do ano passado, frente ao mês anterior. O rendimento médio pago aos trabalhadores da indústria também recuou 3,4% em dezembro de 2020 na comparação com novembro.

De acordo com a CNI, a queda na massa salarial e na renda em dezembro são resultado do que ocorreu nos meses mais críticos da pandemia, quando houve antecipação de férias, férias coletivas e pagamento de 13º salário. “Em anos típicos, normalmente há o pagamento de 13º salário e um maior número de férias em dezembro de cada ano, o que aumenta a massa salarial e os rendimentos pagos aos trabalhadores”, explicou a entidade.

Agência Brasil

Petrobras registra em 2020 melhor desempenho operacional desde 2015

0
Foto: Stéferson Faria/Agência Petrobras

Petrobras teve seu melhor desempenho operacional em 2020, com recordes de produção anual, com 2,28 milhões de barris diários (MMbpb) de petróleo e LGN (líquido de gás natural) e 2,84 milhões de barris de óleo equivalente por dia (MMboed) de produção total, informou hoje (2) a estatal. Os recordes anteriores foram obtidos em 2015: 2,23 MMbpd e 2,79 MMboed, respectivamente.

O desempenho foi obtido durante a pandemia e em um ano em que houve contração da demanda global por combustíveis e preços baixos do petróleo no mercado internacional.

A dimensão qualitativa da produção, considerada elemento extremamente importante para a geração de valor, também aumentou. A produção dos campos do pré-sal no ano passado alcançou 1,86 MMboed, com participação de 66% na produção total, contra 24% em 2015. Segundo a Petrobras, isso significa menores custos operacionais e petróleo de melhor qualidade. 

A produção média de óleo, LGN e gás natural realizada em 2020 está alinhada à meta de produção revisada e divulgada no Relatório de Produção e Vendas do terceiro trimestre (2,84 MMboed), superando em 5% a meta prevista originalmente de 2,7 MMboed.

No quarto trimestre do ano passado, a produção média de óleo, LGN e gás natural foi de 2,68 MMboed, ficando 9,1% abaixo do trimestre anterior, em função da retomada de grande parte das paradas programadas que não puderam ser efetuadas nos segundo e terceiro trimestres.

Destaques

Na avaliação da Petrobras, alguns pontos foram fundamentais para o desempenho da empresa em 2020. Entre eles, a maior produção das plataformas P-74, P-75, P-76 e P-77, no campo de Búzios, em função da ampliação da capacidade de processamento de óleo e gás das unidades, por meio da utilização de folgas temporárias de geração de energia e compressão de gás disponíveis, além do alto potencial de produção dos poços e do reservatório.

Destacam-se também o menor número de intervenções em relação ao previsto para combate à corrosão por CO2 nos dutos submarinos de injeção de gás, por meio do desenvolvimento de novas ferramentas e tecnologias de inspeção; o menor declínio de produção em relação ao previsto nos campos de Tupi e Sapinhoá, como resultado do melhor desempenho dos reservatórios; e a maior eficiência de produção e otimização de paradas de produção nas plataformas, apesar do cenário de restrições operacionais decorrente dos impactos provocados pela pandemia.

Exportação

O foco na melhoria de gestão de estoques permitiu a redução de estoques da companhia em 8 milhões de barris de petróleo, em 2020. A Petrobras afirmou também que o foco na alocação eficiente de recursos, incluindo fechamento de escritórios fora do Brasil, resultou em recordes de exportação de petróleo e óleo combustível, o que compensou a contração da demanda doméstica por combustíveis, em especial no segundo trimestre de 2020.

As exportações de petróleo permitiram geração de caixa em um momento crítico, causado pela pandemia, além de evitar perdas de produção. No ápice da crise, em abril, foram exportados 1 milhão de barris por dia. De acordo com a Petrobras, o desempenho positivo do petróleo de Búzios, principal óleo da cesta de exportação, resultou na inclusão de 14 novos clientes ao longo de 2020.

Derivados

As vendas de derivados se mantiveram em patamar similar ao de 2019, permitindo o fator de utilização (FUT) do parque de refino no mesmo nível do ano anterior, a despeito da sua significativa redução no segundo trimestre. A companhia explicou que isso ocorreu graças ao aumento das exportações, destacando o óleo combustível de baixo teor de enxofre (com recorde anual de 194 Mbpd em 2020), “associado às novas ações comerciais implementadas em 2020, como os leilões de diesel e gasolina”.

Em 2020, a produção de derivados cresceu 2,8%. A produção de diesel S-10, com baixo teor de enxofre, tem alcançado recordes desde julho, como reflexo de ações comerciais implementadas pela companhia para ampliar a oferta desse produto em substituição ao S-500. A produção total de diesel S-10 em 2020 foi recorde anual, atingindo patamar de 121 milhões de barris. O objetivo da Petrobras é lançar produtos mais limpos para a preservação do meio ambiente, informou a empresa.

No segmento de gás e energia, a geração de energia em 2020 foi de 1.756 megawatts (MW) médios, mostrando queda de 13% em relação a 2019, em decorrência do menor consumo provocado pela queda na atividade econômica, como efeito da pandemia. No quarto trimestre, entretanto, a geração de energia aumentou 315,4% em relação ao trimestre anterior, como reflexo da escassez de chuvas, o que implicou em forte aumento na demanda por gás natural para substituição da geração de energia hidrelétrica.

Agência Brasil

Os gastos do governo são o grande inimigo do crescimento econômico

0
Ilustração: Eric Perlin/Pixabay

Imagine que você tenha um primo que mora muito longe, a uns 2 mil quilômetros de distância. No entanto, por algum motivo, ele consegue se apropriar de 40% de sua renda mensal. Consequentemente, ele é o responsável por 40% dos gastos totais de sua família.

Vivendo tão longe, e com tão pouco interesse em melhorar sua qualidade de vida, os resultados esperáveis de tal esquema são fáceis de serem previstos. Sua família não apenas terá problemas para se manter, como também estará bastante desmotivada para produzir, pois sabe que terá de sustentar esse primo folgado que vive às suas custas.

Substitua ‘primo’ por ‘estado’ no relato acima e o raciocínio se mantém.

O governo toma dinheiro do setor produtivo e gasta com o suposto intuito de gerar bens públicos. Do ponto de vista keynesiano, este sistema é benéfico para a economia, pois, segundo tal escola de pensamento econômico, o gasto do governo estimula a demanda e isso gera crescimento econômico por meio do famoso “multiplicador keynesiano“.

Mas não apenas a teoria do multiplicador keynesiano é falsa (clique aqui para entender por quê), como também a realidade é mais parecida com a do nosso primo.

Para começar, a diferença de um governo para uma família é que suas receitas são auferidas de maneira coercitiva, sendo confiscada de todos aqueles trabalhadores assalariados e empreendedores que atuam no setor produtivo da economia. 

Neste sentido, um aumento dos gastos do governo significa, de maneira muito simples, que o governo ou aumentará os impostos para fazer frente a esses novos gastos ou irá se endividar ainda mais — o que significa que, dado que o governo está tomando mais crédito, sobrará menos crédito disponível para financiar empreendimentos produtivos. 

Há uma terceira hipótese, que seria a simples criação de dinheiro pelo Banco Central para financiar diretamente o governo. Sempre que essa medida foi utilizada — como no Brasil da década de 1980 —, o resultado foi a hiperinflação.

Portanto, tendo em mente que o governo só pode gastar aquilo que ele antes confiscou de alguém, a ideia de que gastos do governo estimulam a “demanda agregada” e geram crescimento econômico equivale a dizer que tomar dinheiro de uns para gastar com outros pode enriquecer a todos. Para se utilizar uma metáfora, tal ideia significa dizer que tirar água da parte funda da piscina e jogá-la na parte rasa fará o nível geral de água na piscina aumentar.

Consequentemente, os gastos do governo não apenas não podem “estimular a demanda”, como também geram uma maior carga tributária, um maior endividamento do governo e uma maior inflação.

E dado que os gastos do governo são financiados via impostos e endividamento do governo, eles desestimulam a poupança, a produção e o investimento.

Mas piora: o gasto do governo é inevitavelmente de má qualidade. Há três problemas incontornáveis em relação aos gastos do governo, os quais impedem que ele possa ter efeitos benéficos.

Problemas de incentivos

A relação negativa entre gasto público e crescimento econômico (comprovada empiricamente) tem várias explicações. A primeira é que o governo enfrenta o inevitável problema dos incentivos.

Como explicava de maneira bem simples Milton Friedman, existem quatro maneiras de gastar dinheiro.

1) Gastar o seu dinheiro com você mesmo: neste caso, você procurará o menor custo e a máxima qualidade.

2) Gastar o seu dinheiro com os outros: você almejará o menor custo e a mínima qualidade.

3) Gastar o dinheiro dos outros com você: o maior custo e a máxima qualidade serão seu objetivo.

4) Gastar o dinheiro dos outros com os outros: você não terá nenhum preocupação com custo e qualidade.

Para Friedman, a maneira mais eficiente de gasto é a primeira. Ali, você se preocupa com o custo do que compra e também com a qualidade. Já a última maneira, por sua vez, é a menos eficiente de todas. O comprador não se preocupa com os recursos, pois não são dele, e também não se preocupa com a qualidade do que é comprado, pois o receptor também não será ele. O resultado será uma compra cara e de má qualidade.

Quando o governo gasta, ele utiliza uma combinação das maneiras 3 e 4, gerando ineficiência na economia. O governo gasta o dinheiro alheio (dos impostos) com os outros (funcionalismo público, subsídios para grandes empresários amigos do regime, obras públicas feitas por empreiteiras ligadas a políticos, artistas e eventos culturais etc.) e consigo próprio (salários, benefícios e mordomias para políticos; ministérios, agências reguladoras, secretarias e estatais; campanhas eleitorais; contratação de apadrinhados; propagandas etc.).

Nenhum desses gastos está ligado à maximização do bem-estar social.

Outra consequência não-premeditada dos gastos do governo são os incentivos adversos que ele gera. De acordo com uma recente publicação do britânico Institute of Economic Affairs:

Os gastos do governo em consumo tendem a diminuir o crescimento. O gasto em programas sociais mal desenhados pode ser especialmente nefasto, uma vez que reduz os incentivos ao trabalho e à produção.

O governo simplesmente não possui os incentivos corretos para gastar de maneira eficaz. E muito menos pode gastar de modo a maximizar o crescimento econômico. Ademais, seu gasto distorce os incentivos da sociedade, reduzindo-os.

Problemas de informação

Um segundo problema é a questão da informação. A maneira como o setor privado utiliza as informações de mercado disponíveis é diferente da maneira como o setor estatal as utiliza.

O setor privado é guiado pelo sistema de preços, o qual permite todo o cálculo econômico. Os preços informam o que está sendo demandado pelos consumidores, quais produtos estão em falta, quais estão em excesso, e permitem o cálculo dos lucros e prejuízos.

Acima de tudo, os preços ajudam os empreendedores a alocar recursos escassos de maneira eficiente. Se o preço de algo está demasiado alto, isso significa que os consumidores estão necessitando de uma maior quantidade deste bem, o que estimula os empreendedores a aumentarem a produção. Sob este arranjo, produz-se aquilo que gera benefício econômico, e este benefício decorre da melhor satisfação das necessidades dos consumidores.

Já o setor público não tem como produzir seguindo este critério do benefício econômico. Com efeito, se algum empreendimento estatal gera perdas financeiras, isso é prontamente justificado pela tese de que o governo busca “objetivos sociais”. Os gastos do governo até podem almejar objetivos amorfos, como solidariedade e igualdade, mas o fato é que eles são ineficientes do ponto de vista econômico e, consequentemente, reduzem o crescimento.

Por exemplo, dado que o governo não se guia pelo sistema de preços e nem pelo critério de lucros e prejuízos — pois o dinheiro vem de impostos ou é tomado emprestado (sendo que essa dívida também será paga com impostos) —, é provável que ele construa uma ponte que ligue o nada a lugar nenhum, e faça tal obra utilizando materiais caros e pagando preços superfaturados (os fornecedores, por saberem que o governo não tem preocupação com custos, irão cobrar o máximo possível por seus materiais).

Neste caso, é óbvio que estes mesmos recursos poderiam ter sido mais bem utilizados pelo setor privado, o qual tem de se preocupar com custos e com o sistema de lucros e prejuízos.

Por causa deste problema de informação enfrentado pelo governo, seu gasto é menos eficiente e faz uma pior alocação dos recursos escassos da sociedade. Aquilo que é utilizado em um setor será necessariamente retirado de outro setor. Se os gastos do governo concentraram recursos em um setor, então outros setores ficaram sem estes mesmos recursos.

A consequência será um menor crescimento econômico. Não há crescimento econômico genuíno se os gastos são ineficientes e não se preocupam com o sistema de lucros e prejuízos.

(Para entender com mais detalhes por que até mesmo obras públicas subtraem riqueza da população, veja este artigo).

Mais gasto é mais imposto

Este é o mais óbvio, mas é também amplamente ignorado.

Maior gasto público significa, a curto ou longo prazo, maior carga tributária. Tudo o que o governo gasta foi antes retirado da sociedade. O dinheiro do gasto, como já dito no início, é oriundo ou de impostos ou de endividamento. Quando é oriundo de impostos, o confisco é direto. Pessoas e empresas ficam com menos dinheiro para que o governo tenha mais. Já quando o dinheiro é oriundo de endividamento, isso significa que, em algum momento futuro, o dinheiro de impostos será utilizado para pagar o serviço desta dívida.

E isso gera maiores incertezas: se o governo está se endividando continuamente para gastar, então essa dívida terá de ser futuramente quitada com mais impostos. Essa mera possibilidade de aumentos de impostos futuros já serve para inibir investimentos produtivos. Como investir quando não se sabe como serão os impostos no futuro?

Portanto, os impostos são a contra-partida dos gastos do governo, e seus efeitos sobre os incentivos a poupar, a investir produtivamente, a abrir empresas e a produzir são deletérios.

Os impostos são como uma mochila pesada nas costas dos reais criadores de riqueza da sociedade, e aumentá-los em decorrência de um maior gasto público é a receita garantida para que a economia fique estagnada.

Conclusão

O gasto público é o inimigo do crescimento econômico. E tanto argumentos teóricos quanto empíricos sustentam esta afirmação. Para que uma economia se reative, o governo tem de seriamente considerar reduzir seus gastos.

O melhor e mais recente exemplo é a Irlanda, que, de 2010 a 2015, reduziu os gastos do governo de incríveis 65% do PIB para “apenas” 29,5% do PIB. Como consequência, isso fez os investimentos dispararem, e o crescimento econômico foi junto: nada menos que 13,4% em dois anos.

Iván Carrino é analista econômico da Fundación Libertad y Progreso na Argentina e possui mestrado em Economia Austriaca pela Universidad Rey Juan Carlos, de Madri.

Mises Brasil

Leilão do 5G prevê criação de rede privativa para o governo federal

0
Foto: Thomas Millot/Unsplash

O Ministério das Comunicações (MCom) estabeleceu as diretrizes para o edital do leilão das frequências do 5G, a quinta geração de comunicação móvel. Uma das determinações é a criação de uma rede privativa, de alta segurança e criptografada, para a comunicação entre os órgãos da administração pública federal.

A portaria foi publicada ontem (29) em edição extra do Diário Oficial da União e deve ser seguida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que coordenará o processo. A previsão é de que o leilão aconteça ainda no primeiro semestre deste ano.

A rede privativa, chamada de Rede Segura, deverá chegar a todo o território nacional com infraestrutura de cabos de fibra ótica, complementar à rede de governo existente, e através de uma rede móvel no Distrito Federal. Nesse último caso, algumas faixas de frequência deverão atender as atividades de segurança pública, defesa, serviços de socorro e emergência, resposta a desastres e outras atribuições críticas de Estado, incluindo as realizadas por entes federados, bem como para atendimento aos órgãos públicos federais.

“Para que isso ocorra, a portaria elenca regras mais rígidas que limitam o perfil dos equipamentos que irão compor a rede privativa. A ideia é promover mais segurança para o tráfego de dados e de informações estratégicas do governo. As empresas que fornecerão equipamentos para essa rede precisam ter padrão de transparência e governança corporativa compatíveis com os exigidos no mercado acionário brasileiro”, explicou o MCom, em comunicado.

Critérios

Além disso, a portaria determina que cidades, vilas, áreas urbanas isoladas e aglomerados rurais com população superior a 600 habitantes, ainda desassistidos de internet, serão atendidos com banda larga móvel em tecnologia 4G ou superior. De acordo com o MCom, a medida deve beneficiar cerca de 18 mil localidades e atender a mais de 8,8 milhões de brasileiros.

A portaria regulamenta ainda que todas as rodovias federais devam receber, de forma obrigatória, o sinal 4G ou superior. Além disso, prioriza as BR-163, BR-364, BR-242, BR-135, BR-101, BR-116. “Ao todo, são mais de 48 mil quilômetros de estradas que ainda não possuem nenhuma cobertura móvel”, diz o comunicado.

Além das medidas para a banda larga móvel, os recursos do leilão deverão custear a implantação de 12 mil quilômetros de cabos de fibra ótica subfluvial. A estrutura será instalada em leitos de rios como o Rio Negro, o Rio Solimões e o Rio Amazonas. O projeto Norte Conectado abrange cerca de 13 mil quilômetros de cabos de fibra óptica, totalizando um investimento de R$ 1,2 bilhão e, segundo o MCom, deve beneficiar mais de 9,5 milhões de pessoas, sendo 1,7 milhões de alunos da rede pública de ensino em todo país.

Entre outras diretrizes, o documento prioriza, ainda, o atendimento de rede por fibra ótica de altíssima velocidade a municípios das regiões Norte e Nordeste do país que ainda não possuem esse tipo de cobertura, bem como municípios que constam nas rotas de integração nacional do Ministério do Desenvolvimento Regional.

As operadoras vencedoras do leilão também deverá oferecer serviço de roaming obrigatório, quando uma linha de celular é ativada fora da área de cobertura e precisa de outra rede, que não a da sua operadora, para ser utilizada.

O edital do leilão deverá definir prazos para a ativação desses serviços nas faixas licitadas. Se não forem cumpridos, elas serão disponibilizadas para outras empresas, com garantias de proteção.

TV aberta

A portaria publicada nesta sexta-feira também define critérios para a proteção dos usuários que recebem sinais de televisão aberta e gratuita por meio de antenas parabólicas na Banda C Satelital. De acordo com o texto, a Anatel deverá estabelecer medidas de melhor eficiência técnica e econômica para solucionar interferências prejudiciais identificadas sobre serviços fixos por satélite em operação na Banda C. Nesse caso, a solução adotada poderá envolver a digitalização e migração dos sinais recebidos pela população para outra faixa de radiofrequência.

Assim, a agência deverá adotar arranjo de frequência que favoreça a convivência harmônica entre os sistemas, o proveito social proporcionado pelos serviços ofertados e o aproveitamento de ganhos de escala visando à inclusão digital. Nesse sentido, caberá à Anatel realizar estudos sobre a disponibilização da Banda C Satelital, total ou parcialmente, para a prestação de serviços de telecomunicações de suporte à banda larga.

Agência Brasil

China dificulta visita de equipe da OMS a Wuhan

0
Foto: Martin Sanchez/Unsplash

Uma equipe da Organização Mundial da Saúde (OMS) visitou hoje (29) o hospital onde a China diz que os primeiros pacientes com covid-19 foram tratados, há mais de um ano, na cidade chinesa de Wuhan. A visita faz parte da investigação sobre as origens do novo coronavírus.

Os especialistas da OMS viajaram para a China, procedentes de Cingapura, no dia 14 deste mês, mas desde então observaram duas semanas de quarentena. A missão deve durar mais algumas semanas.

Os técnicos e as autoridades chinesas tiveram as primeiras reuniões presenciais hoje em um hotel.

“Primeiro encontro cara a cara com os nossos colegas. Correção: máscara para máscara, dadas as restrições médicas”, disse a virologista holandesa Marion Koopmans, por meio da rede social Twitter.

Membros da equipe deixaram o hotel de carro e, pouco tempo depois, entraram nos portões do Hospital Provincial de Medicina Integrada Chinesa e Ocidental de Hubei, onde, de acordo com o relato oficial da China, em 27 de dezembro de 2019, o médico Zhang Jixian diagnosticou os primeiros casos do que era então designado como “pneumonia de origem desconhecida”.

Dados detalhados

A OMS disse anteriormente no Twitter que a equipe solicitou “dados detalhados” e planejou falar com alguns dos primeiros pacientes.

Os especialistas também têm procurado visitar locais como o mercado de mariscos de Huanan, ligado a muitos dos primeiros casos, o Instituto de Virologia de Wuhan e laboratórios em instalações como o Centro de Controle de Doenças de Wuhan.

A investigação, que a China levou mais de um ano para autorizar, é extremamente sensível para o regime comunista, cujos órgãos oficiais têm promovido teorias que apontam que o vírus tenha tido origem em outros países.

A visita dos especialistas acontece depois de longas negociações com Pequim, que incluíram uma rara reprimenda por parte da OMS, que afirmou que a China estava demorando muito para fazer os acertos finais da inspeção.

“Todas as hipóteses estão sobre a mesa, enquanto a equipe segue a ciência no seu trabalho para entender as origens da covid-19”, afirmou a OMS.

A investigação da origem do vírus pode levar anos. Determinar o reservatório animal de um surto normalmente requer pesquisa exaustiva, incluindo amostras de animais, análises genéticas e estudos epidemiológicos.

Animais selvagens

Uma possibilidade é que um caçador de animais selvagens tenha passado o vírus para comerciantes que o levaram para Wuhan. O governo chinês promoveu teorias, com poucas evidências, de que o surto pode ter começado com a importação de frutos do mar congelados contaminados com o vírus, uma ideia totalmente rejeitada por cientistas e agências internacionais.

Um possível foco para pesquisadores é o instituto de virologia da cidade, um dos principais laboratórios de pesquisa de vírus da China, que detinha um arquivo de informações genéticas sobre coronavírus em morcegos.

Os membros da equipe da OMS passaram as últimas duas semanas em quarentena obrigatória, período durante o qual se comunicaram com as autoridades chinesas por videoconferência, para estabelecer as bases para as visitas no terreno.

Os primeiros casos de covid-19 foram detectados em Wuhan no final de 2019. Desde então, a China relatou mais de 89 mil casos e 4.600 mortes.

Apesar de alguns surtos recentes, o país conseguiu extinguir a doença em grande parte do território, após ter adotado medidas de prevenção, que incluíram isolar cidades inteiras e confinar parte da população.

Agência Brasil

Novas metas para telecomunicações são publicadas no Diário Oficial

0
Foto: Rémy Ajenifuja/Unsplash

As novas metas para o setor de telecomunicações do Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU5) foram publicadas hoje (28) no Diário Oficial da União (DOU). O decreto com o plano, aprovado em novembro de 2020 pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), traz as obrigações impostas às concessionárias de telefonia fixa em um período de cinco anos (2021-2025).

Entre as obrigações está a de que as concessionárias de telefonia fixa invistam na implantação de redes de fibra ótica, o chamado backhaul, em 1,5 mil municípios brasileiros que ainda não têm essa estrutura. O backhaul são redes de alta capacidade e velocidade que permitem a conexão de localidades à rede nacional de telecomunicações, as backbone, por onde trafegam os dados de internet.

A meta vale para as operadoras Oi, Telefônica, Claro e Algar. Os custos relacionados com o cumprimento das metas previstas são de competência exclusiva das concessionárias, nos termos estabelecidos nos contratos de concessão.

De acordo com o plano, se a nova meta for cumprida, a estimativa é de que a cobertura de internet por fibra ótica alcance cerca 5.500 cidades, equivalente a 99% dos municípios brasileiros, até 2024.

Com o novo plano, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) precisa agora, em um prazo de três meses, elaborar a lista das cidades que deverão ser contempladas na meta.

O plano diz que a rede de fibra deverá ter capacidade mínima de 10 gigabits por segundo (Gbps) do início ao fim do trecho utilizado para atendimento do respectivo município. A rede deve ter, até 31 de dezembro de 2021, cobertura mínima de até 10% do território.

A instalação de redes de fibra ótica substitui uma meta do PGMU anterior, que previa instalação do 4G em localidades sem essa tecnologia. Apesar de a obrigatoriedade não constar no novo plano, a Secretaria Geral da Presidência informou que essas localidades serão priorizadas para receber esse sinal no edital do leilão para a tecnologia do 5G.

No PGMU anterior, a previsão era de que ao menos 10% desses 1.105 municípios passassem a contar com a rede 4G, mas a meta não foi cumprida e deu lugar à nova meta de estender fibra ótica a novas localidades.

Agência Brasil

Governo institui política para modernizar a administração pública

0
Foto: Marcello Casal Jr/AB

O governo federal publicou hoje (27), no Diário Oficial da União (DOU), um decreto instituindo a Política Nacional de Modernização do Estado (Moderniza Brasil) e o Fórum Nacional de Modernização do Estado. Segundo o decreto, a política tem por objetivo direcionar os esforços governamentais para aumentar a eficiência e modernizar a administração pública, a prestação de serviços e o ambiente de negócios para melhor atender às necessidades dos cidadãos.

A atuação se dará por meio da integração de ações de modernização já existentes, com coordenação, articulação, adequação, monitoramento e avaliação das políticas, programas, ações e iniciativas do Poder Executivo Federal, em parcerias da União com estados, Distrito Federal e iniciativa privada.

Entre os princípios da política estão o foco nas necessidades dos cidadãos; a simplificação normativa e administrativa; a confiabilidade na relação Estado-cidadão e a competitividade dos setores público e privado.

Caberá ao Fórum Nacional de Modernização do Estado propor a adoção de modelos e estratégias nacionais ou internacionais que envolvam a temática de modernização do Estado, auxiliar na elaboração de um plano de modernização e traçar as diretrizes para a concessão de um selo de modernização do estado criado com a política.

O fórum será presidido pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República e contará com representantes dos ministérios da Economia; Comunicações; Ciência, Tecnologia e Inovações; da Controladoria-Geral da União; da Secretaria de Governo da Presidência da República, e da Advocacia-Geral da União.

Agência Brasil

Governo é favorável à importação privada de vacinas

0
Foto: Daniel Schludi/Unsplash

O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (16) que o governo federal apoia a iniciativa de empresários de importar, por conta própria, vacinas contra a covid-19 para imunizar seus funcionários. A afirmação ocorreu durante participação, por videoconferência, em um seminário sobre investimentos na América Latina, realizado pelo banco Credit Suisse.

“O governo federal é favorável a esse grupo de empresários para levar avante sua proposta para trazer vacina para cá, a custo zero, para o governo federal, para imunizar 33 milhões de pessoas. No que puder essa proposta ir à frente, nós estaremos estimulando porque, com 33 milhões de doses de graça, ajudaria e muito a economia e para aqueles que queiram se vacinar o façam para ficar livre do vírus”, disse Bolsonaro.

O presidente explicou que, na semana passada, o governo foi procurado por empresários para que fossem importadas 33 milhões de doses da vacina de Oxford. 

Desse total, metade seria incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS), e disponibilizada à população de acordo com os critérios do Ministério da Saúde, e a outra metade seria utilizada pelas empresas de acordo com critérios próprios. Segundo o presidente, o governo assinou uma carta de intenção favorável à medida.

“Já somos o sexto país que mais vacinou no mundo, brevemente estaremos nos primeiros lugares, para dar mais conforto à população, segurança a todos e de modo que a nossa economia não deixe de funcionar”, disse, destacando que o governo editou medida provisória, no ano passado, destinando R$ 20 bilhões para a compra de vacinas.

Atração de investimentos

Durante seu discurso, Bolsonaro reafirmou o compromisso com o teto de gastos públicos e disse que o governo quer acelerar as privatizações e reformas para incentivar e facilitar o trabalho da iniciativa privada na recuperação da economia, após a crise gerada pela pandemia de covid-19.

“Manteremos firme o compromisso com a regra do teto de despesas como âncora de sustentabilidade e credibilidade econômica. Não vamos deixar que medidas temporárias relacionadas com a crise se tornem compromissos permanentes de despesas. Nosso objetivo é passar da recuperação baseada no apoio ao consumo para um crescimento sustentado pelo dinamismo do setor privado”, disse.

Segundo o presidente, o trabalho desenvolvido pelo governo visa à atração de investimentos estrangeiros diretos, principalmente para projetos prioritários na área de infraestrutura. 

“Pretendemos acelerar os leilões de concessões e privatizações, em especial no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos, o PPI, que tem uma carteira de projetos estratégicos de longo prazo, baixo risco e com taxas de retorno atraentes e estáveis”, frisou.

Mudanças

Além disso, Bolsonaro afirmou que entende os problemas estruturais da indústria brasileira e global e disse que está empenhado em realizar mudanças nesse setor “com pensamento estratégico e redefinição de vínculos das cadeias produtivas globais”.  

A agenda de reformas no Congresso Nacional e a ascensão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também continuam como prioridades na agenda do governo federal, segundo o presidente.

“Seguiremos defendendo a ampla concorrência, o livre comércio, a modernização do Estado, os valores democráticos e o combate implacável à corrupção. Já estamos vendo reflexos muito positivos e contamos com apoio da iniciativa privada para consolidarmos um novo ciclo de desenvolvimento e prosperidade em nosso país. Contem com nosso empenho para trilhar o caminho da abertura econômica e facilitação dos comércios e investimentos”, disse.

Agência Brasil